Total de visualizações de página

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O ato em si de bordar

Bordando os Sete: o ato em si de bordar
Suê:- 2012
Suely Galli (Meu Silêncio, meu umbigo)
Releitura da obra de Montserrat Gudiol


O ato criativo pressupõe a socialização da experiência para que atinja outros horizontes e sujeitos; pra que não adormeça solitário em gavetas, álbuns, armários; pra que denuncie anunciando possibilidades de encontro, de comunicação e produção de conteúdos e de conhecimento por meio do experimento intencional e direcionado, alimentando a inquietação criadora que move o artista. Ocupado em suas tardes e noites no fazer artístico, ele realiza o trabalho que nutre a própria alma e sensibiliza pela poesia, que no outro, sua obra inspira. O bordar aliado à arte em tecido, é ampliada com a pintura aquarela e outras inserções de materiais, abrindo espaços ampliados com novas leituras e interpretações do belo. É o caso dessa experiência que reuniu, apesar das distâncias geográficas, pessoas de diversos lugares, unidas pelo objetivo desafiador, de retratar ícones contemporâneos ou clássicos da pintura, utilizando linha, agulha, tecido e tinta, numa ousadia criativa e fiel ao pintor (a) e obra escolhidos. Ideia inovadora a ciranda das bordadeiras marca, com pontos, cores e representações, um empreendimento artístico cultural com perspectivas promissoras. A sociedade atual em seus ritmos acelerados e intensos requer cada vez mais, momentos compatíveis ao nosso sistema biológico e psicológico, respeitando o indivíduo e a diversidade cultural. A arte em tecido, sobretudo o bordado tem respondido a essa necessidade, seja para quem cria, seja para quem é socializada a criação... Aparece num novo contexto histórico, mas elas, as bordadeiras internautas, não são diferentes daquelas que iniciaram essa cultura, possuem a mesma sensibilidade e desejo de criar transformando, a cada ponto, laçada e nó, a arquitetura da paisagem, desenho, do ato em si de bordar! Gudiol foi a escolhida por inspirar-me a leveza dos personagens, melancólicos, cheios de vazios, onde a mulher, na maioria das cenas, é protagonista da mensagem aberta à interpretações. Em nossa leitura bordada e aquarelada criamos o cenário para o nu que dispensa elementos, por estar carregado de sentimentos! Nomeamos “meu silêncio, meu umbigo” por inspirar-nos nosso próprio encontro pela entrada do ventre, rumo ao pensamento!

Nenhum comentário:

Postar um comentário