Eu estava ali para uma cobertura fotográfica espetacular.
Os convidados, pessoas
que buscam uma nova cultura de diversão, iam chegando com suas fantasias comunicando
com elas, seu ideal sobre ser outra coisa, outra expressão e significado,
naquela noite reservada pra ser o lugar que cada um almeja, pra viver sem
amarras ou restrições, uma fantasia.
Multicores adereços e identidades diversas
se misturavam criando aos poucos um cenário surreal, fantástico beirando o absurdo!
Super heróis, Cinderelas, seres do futuro, do passado, de tempo
algum, provocavam um espanto risonho, uma sensação entre a degustação de um alimento desconhecido e a lembrança mais doce da infância.
Eram invenções e adaptações de tipos como o pirata bailarino, o palhaço encantando
com o olhar sedutor do monge tibetano, a bruxa amarrotada a clamar poderes
pra parar o vento frio lá fora, o príncipe tribal com joias e armas futuristas,
o avatar e seu par encarnando o chefe escoteiro
das galáxias, e outras composições curiosas. Vez por outra algumas mal arranjadas deixavam cair pelo caminho, fragmentos de plumas, pétalas de flores do
colar havaiano; ou ainda abandonadas propositalmente como a sombrinha da
equilibrista apoiada num canto da entrada, o capacete do astronauta provávelmente mal adaptado na cabeça do triatleta, jazia no encosto de
uma cadeira ameaçando rolar a qualquer toque.
Havia também os que exibiam
detalhes de arte final, esmeros pra serem vistos com lupas, pedras preciosas
presas em lenços de renda e seda, fidelidade no tipo encarnado acompanhado de
gestual convincente da ficção que intencionada.
Enquanto isso, a primavera sulferino derrubava
suas flores improvisando um tapete na recepção.
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