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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Assim

Sentia-se assim navegando vento a levando exatamente como queria que fosse... Sem amarras, sem ancora que não a do pensamento agarrado aquela lucidez que ensaiava toda manhã no primeiro dia do ano, a se repetir todos os dias, feito dia primeiro... Lembrava-se dele e sua metáfora de barco a deriva... Saudades de sua poesia... Mas ele já partira e daquela maresia já não mais sofria... Ela sim tinha que navegar até o cais todos os dias, atracar-se navio... Pisar a areia molhada, sentir o roçar das ondas preguiçosas se esticando pra tocar seus pés gelando a alma. Sentia-se assim, mesmo atracada, navegando vento a levando, feito veleiro estampado seus panos no pensamento... Era assim mesmo que queria que fosse... Pra que ao sabor das ondas, seu corpo fosse tocado de um lado ao outro, balançando musicado sem rota estabelecida, hora de chegada... de partida... Vento levando sem despedida... Era isso mesmo e assim que queria...

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