Clarice conversava
com os amigos escritores, sobre a expressão e manifestação dos sentimentos de
uma poetiza, seu novo projeto. Loren um de seus amigos, jovem apaixonado pelos mistérios
descritivos que tornam o improvável possível, ponderou sobre o choro, uma
manifestação de sentimentos das mais diversas justificativas...
Clarice de pronto defendeu sua impressão sobre o choro como um artifício por
ela considerado valioso, portanto utilizado em raras ocasiões... Loren,
conhecido pelo grupo como alguém que não economiza suas emotivas lágrimas não
desistiu de sua tese, foi desenhando o argumento sobre seu próprio ato de chorar...
Veja bem Clarice choro quando alguma
coisa me machuca me faz sentir dor seja pela ameaça que sinto da perda seja por
imaginar o meu ser privado daquilo que amo e que me faz feliz. Cada pessoa tem
seu modo de chorar minha amiga, continuou Loren, você o faz por meio de sua
escrita. Você chora escrevendo Clarice!
Clarice que presenciava há anos o modo como Loren vivia sua inspiração, tratava-o como alguém que devia ser vigiado numa conversa pois suas lágrimas sempre vinham mesmo ser ser convidadas, paralisou
seus gestos e palavras, tirou discretamente
da bolsa o bloco de anotações, fazendo parecer que não estava muito interessada... Loren continua, quisera eu recorrer a esse dom, transformar em letras minhas lágrimas
que ao rolarem face abaixo se encontrassem formando palavras que aliviariam os
terrores que me afligem...que ao sentir-me face ao pranto que me ocupa noites insones, conseguisse afugentá-lo com vogais munidas de um exército de riso e esperanças, que no exercício de se juntarem em
palavras, mostrassem que a dor da perda anunciada pode ser inspiração pra mais
um romance. É assim que eu vejo seu choro Clarice, lágrimas que molham seus
romances e que um, ou outro leitor, as recolhe pra si e sacia a própria dor ou move a propria inspiração. Enquanto você, abre uma página do bloco e
escreve seu pranto que não apaga a chama da dor que carrega e nos dá uma Clarice perturbada em constante conflito. Clarice continuava escrevendo... ao
perceber que Loren parara levantou os olhos, fitando o amigo, admirando com
suave expressão, a lágrima que corria no canto dos olhos de Loren. Ela abaixa a
cabeça num sutil movimento de negação, e continua escrever. Conhecia o amigo e
sua exacerbada sensibilidade. Clarice se levantou aproximando-se dele
beijando-lhe os cabelos.
Nascia mais uma obra literária.
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