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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Incompletude


Auto-foto - Suê - Firenze - Itália - 2010 - Definindo personagens na sua incompletude...
 No cenário de um sonho surreal a tarde ensaia o mergulho no lago sereno de águas quase paralisadas...entorpecidas...silenciosas...O rumor vem do peito e remete a uma só direção...invade caótico... a tarde teimosa em ser calma...As árvores com seus cabelos longos caídos sobre as águas...lambem aquele  frescor ...no esforço empenhado de saciar-se ...No olhar de personagem um apelo...nas mãos uma fuga...no corpo inteiro um tremor desajustado...na respiração atropelos e desacertos...Em cada gesto... o risco do toque e do encontro se realiza...Um desfecho provável se aproxima, se anuncia...para matar a sede...fome...ilusão...desejo...imaginação...e então baixar as cortinas e ouvir os aplausos...escrever o posfácio...Porém, escondido entre as peças do cenário...estava ele...o vilão do sonho...o pesadelo...a espera de entrar na cena e fazer o seu breve e eficaz papel de esculhambar com aquele romântico e piegas script... em que o autor, no deslize da inspiração vulgar... se arremessou...se perdeu...Fora do cenário...da programação...do cartaz...da fantasia...fora do coração...o personagem continua sua determinada busca por um papel...o autor, por sua vez...continua a alimentar a faminta insaciável loucura de roteirizar ficção...de viver utopias...Ambos permanecem inquietos e desacomodados na sua incompletude...na inspiração...

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