sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Acordada dormindo
Levantei acordada com uma nova ideia a se estrebuchar na cabeça...O dia estava longe de clarear a manhã... Não sabia se me alimentava com um chá... se me aquecia... O frio da manhã era inóspito e com meus pés descalços, poucas vestes, enregelando inteira, não queria perder tempo, sabia... A inspiração me aqueceria mais que meias grossas e casacos quentes...me arremesso ao escritório poucos passos do meu quarto...o máquina digital a minha espera, arquivos salvos na noite anterior, dos sobressaltos profissionais, compromissos intelectuais e pra me salvar, a poesia a alimentar o merecido recreio com cada verso, cada palavra cheia de vogal...me esperando, algumas abertas querendo uma ilustração...o texto de Rocinante o cavalo de Quixote...passou a tarde comigo ontem...conversamos sobre sua missão de transportar o louco poeta alucinado que busca salvar Dulcineia sua amada, dos monstros que a atacam pobre coitada e inocente...e que ele tem que destruir todos os dias...são os moinhos de vento com suas pás que o trucidam pensamento, fatiam seus sonhos e inventos com as lâminas afiadas pelo vento...moinho de vento. São os monstros que ameaçam sua musa Dulcineia...Cervantes sacrificou Rocinante muito mais que Sancho o escudeiro de Quixote, figura meio tonto, meio irresponsável a seguir quase cego o trotar de Rocinante, passos lentos ora a pé ora sobre seu burro velho e embriagado. Preciso de uma foto que não tenho em meus arquivos...quero Rocinante o cavalo, quero uma escultura de metal...meio Picasso meio Di Cavalcanti, meio qualquer outro que me inspire a imagem de Rocinante...pego a câmera, olho em volta, uma escultura de metal sobre a estante, me chama atenção, um cavalo magro e musculoso, diferente de Rocinante que era velho, muito magro, nada atlético, muito menos modelo pra escultor se inspirar... era fiel a Quixote...mas fidelidade são traços que não aparecem na silhueta... Com a escultura nas mãos fui buscar o lugar, locação, andei pela casa, paredes de fundo, e fui pro quintal a grama crescida com as chuvas dos últimos dias estava perfeita para esconder a base da escultura afundando, deixando as patas de Rocinante sobre a relva... perfeito! Ilustramos! Nova criação nos espera...o frio passou, o calor agora me lembra de alimentar-me, e entrar oficialmente para o dia...as pessoas da casa dormem...e nesta hora ainda tão cedo...meu dia está mais vivido mais sábio e maduro... Escrito e postado... Já sou como todas as pessoas que estão se levantando pra acordar mais um dia...o meu já pode ir dormir...e é assim que viverei esse dia...acordada dormindo em mim...velando o desejo de ser e permanecer como sou... Assim...
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