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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cavaleiro errante

Castelo medieval - foto Suê - 2011- dedicado a Quixote sem castelo algum
Dom Quixote, o cavaleiro errante, munido de seus apetrechos sai mais um dia pra lutar pelos sonhos que lhe são a razão da própria vida e vivê-los dia após dia aperfeiçoando cada  pensamento. Juntou todas as aprendizagens que julgava possuir, preparou o corpo para a jornada exaustiva que sabia ia ter e partiu antes mesmo da tarde cair por inteiro sobre o dia. Durante o caminho foi pensando em seus propósitos...encontrar Dulcinéia, tirar-lhe as vestes que escondem  a silhueta projetada na pintura da noite que ele sonhou, mostrar a ela sua beleza inigualável e amá-la debaixo das estrêlas, mostrando-lhe uma outra forma de sonhar a vida e de fazer acontecer o amor... e depois então levantar novamente sua lança e enfrentar  como de costume os moinhos de vento que insistem ser monstros gigantescos a atacá-lo ameaçando destruir seus sentimentos, e acordá-lo enlouquecido pela manhã em seu quarto rodeado de julgamentos e condenações, por aqueles, que como ele não sabem sonhar...não conhecem Dulcineia a virgem de lábios de mel,  e nem sabem dos perigos dos moinhos em suas pás cortantes...predadoras. Olha pra si mesmo e vê as cicatrizes da última batalha, alguns ferimentos ainda vivos causam dor e sofrimento mas não o suficiente pra impedi-lo avançar lançando-se contra o inimigo, seu corpo frágil e desejoso de viver e amar, morrendo em cada batalha pela certeza de que é só sonhando com cada invento sonhado que consegue acordar com gosto pela vida.Olha mais uma vez pra Dulcinéia em sua expressão de quem nada sabe sobre ele,  Dulcinéia que nenhuma certeza tem sobre seu papel naqueles sonhos, sem nem mesmo saber o que fazer com ele e o pior como ficar nele. Quixote cheio de melancolia se  vê nos olhos dela refletida, sua triste figura errante...de sonhos errantes, certezas errantes, que colocam em risco permanente, seu ser poeta criado por Cervantes.

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