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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Rosa choque

Passou a noite revirando-se entre leituras, desenhos, grafias e pinturas de idéias desconexas prontas pra ser edição...um esboço do pensamento que vagueia pelas páginas do tempo e do acervo construído pra relaxar o desejo de criar desmedida e sem freios... O cansaço anuncia  e chega sem lugar pra se acomodar...vai rodeando tonto lento sem chance de ficar...expulso pra outra hora e lugar. Ganha  dele sempre a inquietação criadora que revolve  montanhas de  prospectos da fila interminável, onde esperam editar o pensamento, dar forma , identidade... roteiro transgressor das regras de compositor de versos, prosa e cem mil outros gêneros...cantos de origem tribais, celestiais e tantos outros ils e ais. Mas desta vez dirigiu-se a sua paleta de cores atraída pelo ruído que vinha há dias provocando-lhe os sentidos... Aproximou-se debruçada sobre as  bisnagas meio alteradas pelo  uso na última obra pintada e exposta  na ante-sala do tempo de criar. Havia uma discussão entre duas cores no interior da paleta de cor: azul turquesa despertado no meio da noite, assombrado com sua participação arbitrária no sonho dela: o rosa choque... Há tempo ela engolia seco a vontade de enfrentamento...O trouxe para o seu sonho, como um  invento...vinha astuta e vibrante macia derretendo-se pela porta de saída da bisnaga  espalhando-se,  borrando abstratas figuras por todo o espaço que o entorno oferecia...azul turquesa , na surpresa esfrega os olhos procura a tela pedindo socorro ao pincel e sua pintora. Atordoado, sem entender que mistura era aquela que rosa propunha. ..ela por sua vez não lhe dava tempo a pensar...pobre coitado foi se encolhendo dando-lhe espaço quase sumiu ...não pretendia enfrentar, não sabia por que o faria...cheguei a tempo no sonho dela...pois dele não sobraria nem mesmo a marca no rótulo pra recompor, na sua falta, as cores pro meu céu  cobalto com  turquesa, nuance de brilho  lento  a contornar o firmamento...Dele avisto  recostada  no parapeito de minha janela, agora vestida de cor rosa,  choque intenso da inspiração, que me leva da pauta escrita,  ao mais abstrato borrão de tinta...e no  grafite que,  de desenho em desenho, vou tatuando o coração, o dela e o meu. Ela Imponente chega bem próxima de azul turquesa e o avisa...precisamos conversar...veja bem você...aqui na pauta e na paleta, sua origem é  de proveta...sua voz...de fundo,  sua dança é no escuro, seu brilho, do  avesso...aqui na pauta e na paleta eu dou o tom, sou concebida de inspiração e por isso... sou sempre eu mesma a inspiração e com razão, a minha dança é solo, é centro, é sempre. Meu canto é maestro,  sou batuta em punho, coordeno  a sinfonia, meu brilho é o farol de cada novo invento a se projetar a espera de criação. Sou rosa e chocante quando precisa, suave  e delicado quando adorno as vestes da menina, e também quando sou uma delas...sou forte e  até consigo ser vermelho se preciso e, por isso mesmo eu te aviso: azulzinho turquezinha veja  bem qual é o seu  tom e com que azul vai misturar...fique atento mas se precisar estou aqui pra  mostrar seu lugar. Fiquei de fora daquela afronta pois sobraria partes pra mim que sem saber das conseqüências, trouxera  o pobre azul turquesa  naquele dia...  ausência da inspiração titular,  me dando  ar de transgressão...na sua volta  a viu  se destacando entre as cores...me perguntou sobre aquilo...mas não esperou respostas foi ela mesma inventado...passou pouco tempo e então vi que juntou idéias e  definiu-se cor oponente  pra ter moral e enfrentar aquele azul  de sobrenome  turquesa, e defender seu posto  e domínio pela inspiração. Fiquei de fora...a observar o que fazer, se um poema, uma pintura...um riso talvez... acabei aqui...novo arquivo... pra escrever.

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