Floresta - Pastel oleoso - tela Suê - Museu Emilio Goeldi - Belém Pará |
Na vernissage estive lá, levei meu olhar pra se alimentar, distrair, brincar; minhas mãos e dedos deliciar; meu corpo inteiro agradar. Pude ver todas elas:jóias esculturas poesia imaginuras, árvoresculturas cultura cultivada cult sentimentos. A expressão do empenho do artista na definição de caminhos pra chegar na complexa e em permanente metamorfose, alma de artista! Caminhar pela mata, melancolia e meditação na sacola a tira colo, do colo das mulheres por ele apaixonadas, olhos pregados nos pés que se lançam passo a passo fixos nas folhas e gravetos caídos das árvores benfazejas...Clarissa Pinkola Estés (Ciranda das Mulheres Sábias - Rocco/2007)...poetiza da Galeria de honra das mulheres do Colorado...pergunta em uma de suas poesias: Você já amou uma árvore...uma floresta? Faço dessa sábia expressão o fio da minha inspiração. A mesma que conduziu os passos do escultor em sua busca: o amor pela floresta, pela arte. O olhar deitado sobre o caminho, o achado fragmento dela, que nas mãos dele transforma estopim de identidades raras, repletas de novos significados, essência e vida que no corpo da mulher ou do homem que se cultiva nessa fronteira entre vaidade e singularidade estética, torna-se adereço a conviver com a pele o perfume enfeites da alma dos que se identificam na arte e querem ficar perto dela árvore, do escultor, do artista, nela...com ela.
Tudo é raro para o estrangeiro. Tudo é belo para aquele que volta a ver.
ResponderExcluirMeus caminhos são misteriosos e por mais que os tenha forjado em formas, palavras, explicações e justificativas, há alguma coisa que foge do meu léxico.
Sentimentos, memórias e percepções inapreenssíveis, que não se deixam capturar pela razão ou pela linguagem que detenho nessa vida, delimitado por minha consciência.
As vezes sinto que não sou eu, que não são minhas mãos nem meus olhos que estão ali, completamente absortos, obcecados por um pedaço de madeira bruta, suja, velhíssima. Para mim, a prova disso é o espanto que me causa cada peça pronta, cada veio revelado, cada aroma aspirado em um sacrifício do corpo que se entrega a horas de trabalho pesado. Bolhas, calos...
Apesar disso, sou eu mesmo. Pleno, responsável por cada passo, por cada obrigação deixada de lado, por cada telefonema não atendido, pelo amor desviado para aquele naco de matéria.
O artista é uma antena. Minha cabeça careca é uma antena e das coisas que crio, tudo deve ser em reverência à virtude, ao potencial que há em cada ser, de ser estrangeiro e de voltar a ver.
Sem as cem ou quase cem mil palavras pra responder estas suas...talvez um gesto em reverência para saudar o estrangeiro que volta a ver...saudação namastê seguido do mantra OM entoado tantas vezes...pra festejar o pulsar novo deste romântico velho coração cada dia mais novo e feito a mão.
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