Na mesa diante deles, verduras pra ela, animais pra ele, e uma conversa na bandeja se oferecendo pra ser prato principal. Sem dúvida o era como em todo a la carte que escolhiam a dois. Mais uma vez a conversa que conversavam era como esses números de tango onde os bailarinos têm a pista inteira pra rodopiar seus inventos nos passos dissonantes, improvisados em uníssono, em contra-passo, contra-canto...contra a repetição do ato...os dois no mesmo espaço de tempo e percurso mental, vão ao som das palavras tentando ser original...surpreender um ao outro interlocutor, sem desequilibrar, gestual malabarismos do pensamento articulado, mapeando cada linha do trajeto...trejeitos a replicar nuances da face que fala na boca do ouvido da frase, antes de ser arremessada no vento, publicada no pensamento e editada na fala...desafio da conversação alinhada ao repertório qual banquete literário, servindo-se de cada conceito sem nenhum preconceito em busca do ideal...ligações de sentidos, construções desiguais...humor estético...desenhos geniais, identidades surreais... caminhos outros inventados...diferentes lados e rotas...labirintos que desembocam na dúvida, abismo repleto de nada... caçada de significados pra comprovar a hipótese...perseguir a certeza e criar ligações para o mergulho no precipício de verdades, prontas e acabadas concebidas pra nada.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
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