O texto estava lá adormecido sem até então nenhuma chance do despertar merecido. Nascera durante a noite de insônia criativa de sua escritora mulher de poucas palavras e muitas idéias, poucas ações muitos pensamentos, poucas razões muitos sentimentos, poucos amores dignos de seu invento muita inspiração e desejo de uma escrita infinita que desperta noite a dentro manhã calma, tarde fria, madrugada em nostalgia...tela iluminada teclado disposto a se deixar ferir cada letra registro formal da invenção dela... do texto... enredo e obra em vida nascida... sem tempo de ter sido lida. E antes que a tarde de novo se mova noite adentro... um sinal avisa: há um leitor em movimento, vindo na direção do texto virgem do olhar atento, ele então o texto, revira-se na página, situa-se nas linhas endireita-se como se para receber a coroa de louros e ouvir o hino, ver a bandeira levitar tremulante qual sua emoção de texto prestes a desvirginar-se e tornar-se finalmente...sente a aproximação do olhar movente sobre ele deslizando suave, cílios varrendo com a pálpebra num vai e vem sensual...ritmado...a beijar suavemente cada letra, frase, idéias escondidas nelas...prontas para se mostrar todas pela janela dele o olhar descortinado...O texto prestes a romper seu silêncio...a respiração vibrando as cordas do pensamento...o olhar decisivo debruça-se sobre ele que se entrega languido pra leitura...tornando o mais nobre de todos aquele momento: o de ser despertado pra vida a sua e do leitor ainda que por uma fração do tempo. Despertado o texto vira ato, prova e fato e na leitura, acontecimento.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
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É no ato de ler que o leitor dá vida ao texto, sem essa experiência ele fica morto estático...o olhar do leitor na leitura desacomoda o sossêgo do texto e o faz dançar ritmos todos os mais diversos...
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