Foto Suê - Berlim 2011. |
Na verdade o que queríamos com nossa conversa era mesmo fazer dela um tributo a vida minha a dele a nossa... a de todos os seres fecundos ou não, mas fecundados, conceptíveis ou não mas concebidos... Trazer para a cena a origem, descrevendo o mágico balé que se processa na corrida desenfreada dos serzinhos escalafobéticos, tresloucados espermatozóides que saem disparados em jato, sem planejar roteiro, sem sondar o terreno, sem treino, repetidos treinos...numa única vez querem, todos eles, ganhar o único primeiro prêmio...audácia e ambição, ingenuidade, ignorância da situação que vão enfrentar primeira vez...Nem mesmo estudam a direção simplesmente se atiram em velocidade desmedida, é como se esperassem que o alvo, o ponto de chegada a vitória, os capturassem, os trouxessem sugados para o primeiro lugar no pódio...ingenuidade...desconhecimento do que é concorrência de quem é o alvo óvulo astuto que espera quase sádico o resultado...Lembramos de nós mesmos em nossas corridas em direção de um relógio do tempo de um sentimento desconhecido...Questão de velocidade? É isso... uma questão de velocidade, mas não só, também uma questão de direção e foco...muitas questões para um momento tão sem tempo para as reflexões, concepções sobre corridas, alvos e vitórias, premiações e derrotas. Derrota que significa descarte... Para fora! Sorte que nem isso eles sabem (por que acharam que são eles e não elas espermatozóidas)... Nem chegarão a ver o vencedor... Não ficam para as homenagens, o toque do hino... as medalhas de um único lugar no óvulo. Campeão que será reverenciado para sempre... O que te fez, me fez, nos fizeram...o corredor e nadador que nos remete a continuar essa corrida competitiva em cada respiração de nossa vida, por ele iniciada solitariamente mas que após sua vitória passa a ser equipe de três: o alvo atingido, ele, e o concebido...Sobre a ideia que falávamos... éramos desde o início um deles, correndo sem planos de vôo, navegação, viagem...sem bússola, sem carona...apenas com elas...as idéias, que não precisam, e ainda bem, ser apenas uma selecionada...fertilizada na inspiração de escrever uma nova... concebida pra ser na leitura recriada, refecundada, reconcebida, em cada uma...leitura... que se pretende interpretativa...nova vencedora da corrida na escrita! A minha a sua a nossa.
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