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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Não é a luz

Seguia pé detrás de pé, maneira única de caminhar quando, inesperada rajada de vento forte a desloca o corpo mudando-lhe a rota traçada no invento. Era como se fosse leve e fraca a ponto de ser soprada pé ante pé, noutra jornada...ao se ver a frente o novo caminho, tenta várias vezes retomar o anterior, traçado com cautela e conhecimento do solo pisado a escorregar suave sob os pés...olhava-o cada vez mais se distanciando...mas não deixava de olhar sempre a sua direção, meio que a se desculpar pela fragilidade leviana de permitir ao vento e sua força, a levar assim pela mão do impulsivo coração...No novo caminho busca conhecer a paisagem, os elementos, ruídos das tempestades, noites de luar estreladas, o canto, a magia...por que como no seu caminho, nesse também havia...um manancial de inspiração, poesia e encantamentos pelos quais quase já se acostumava em tempo de permanecer o invento. Mas, eis que dado momento, a sua frente uma enorme rocha íngreme e inóspita se ergue, ameaçando seu prosseguir...pensou que era mais uma do vento a lhe desafiar soprando-lhe teimoso mais esse  invento...mas não...ele nem mesmo percebera o acontecimento... Desta vez era ela mesma... Procurando uma forma de voltar... E na última trégua da razão...constrói uma escuridão pra destacar o fio de luz que restava e vinha iluminar o caminho. Ele era ao mesmo tempo a luz e  a rocha... E ela, ao mirar... buscava a rota de volta sem a certeza ainda de querer encontrar...A noite se fechava escura, mal se abria uma fresta pra ela passar com sua vela, chama agonizante a trepidar fagulhas, que ainda assim, faziam efeito de um farol quieto, desses cuja luz não tem força capaz de se levantar o necessário pra projetar  caminhos...fica então a pensar se é a luz que importa na verdade ou se é essa escuridão que, em alguns segundos mostra, no fio de luz tênue... num clarão de quase nada, a estrada a sua espera, parada...No pódium sobe então pra defender essa invenção finalizada, de que não é a luz na verdade que importa... mas os segundos de escuridão que nos tira de traz da porta cerrada, nos leva pra janela aberta de nós mesmas, grávidas de luz... no escuro enluaradas...é o que importa.

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