segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Tão assim daquele jeito.
Procurava um final para o conto que vinha arrastando na pauta aquele seu personagem que presentia, estava cansado daquela história que para ele inventara naquele dia...capengava numa descrição de sentimentos amarrotados, esgarçados no tecido que transitava entre a seda e a juta...o levava para as manhãs despertadas da noite mal dormida, o empurrava para o entardecer na busca de um raio de ultimo sol do dia, a reanimar sua alegria adormecida com tranquilizante pra suportar a instabilidade que o exauria...entrava com ele conduzido pelas mãos na noite em silenciosa ventania, na esperança de tocar com a escuridão macia e úmida, traçada com pinceis na tela vazia, o ponto de ouro de sua inspiração...exausto coração...Procura agora uma conclusão surpreendente...dessas que o leitor nem de longe sente que seria, tamanho percurso inóspito e persistente no tudo igual daquela descrição que vinha... limitado a mudar algumas palavras pra continuar descrevendo o mesmo sentimento e acontecimento, linha após linha. O tempo escorria apressado como se pudesse mais rápido trazer o final perseguido pra ser punjante o suficiente pra não ser banal... A manhã crescia direção ao dia alto, rumo a tarde finda, ponto de encontro da noite que inicia, nova jornada sem fantasia... busca das palavras que definem e dão rumo ao destino. Explicações do nada possível de se explicar. Caça palavras capazes de desconfundir a razão lógica...exercício do olho do furação sem olho pra derramar lavas... De repente, por que estamos buscando o final e já é hora de trazê-lo, uma música rompe aquela persistente agonia da busca do inesperado comovente desfecho e então, ela que o queria personagem incrustrado dentro de si qual pedra preciosa, pérola cultivada, musa a inspirar-lhe o ar respirado cada lance do olhar... abre mão, o solta personagem liberto agora das amarras de sua criação, no texto fadado ao enfado do enredo...e quando o esperado era ver sua imagem desaparecendo do campo do olhar, diluindo etéreo imaginário, num derradeiro cerrar das cortinas, sob os suspiros e lágrimas da platéia sem motivos para aplausos final...Eis o surpreendente final...livre ele corre de volta ao seu encontro, braços abertos, sorriso largo torto coração ao avesso, segurando firme o mesmo relógio agora bússola do tempo e direção do resgate ao começo... de mais um conto que, como aquele para ela, não era assim tão daquele jeito. Um sorriso largo, torto...coração do avesso perseguição do começo: final de pretenções e pretextos, pré-textos.
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