Ficava olhando pro pé tentando ativar a cabeça...tédio...tempo parado na fala exacerbada, entusiasmo doentio...a palestrante saltitava diante dos seus olhos e entumecia-lhe os ouvidos com a dicção entrecortada nas pedras do caminho da comunicação...Olha pro pé...quer ficar nele...extremo sul do pensamento...o mais distante que conseguia chegar por tão pouco tempo...Queria pô-lo em movimento... havia tanto o que visitar levar seu corpo pra brincar...roda d'água, antiguidade adormecida, sobressaltada pelo ganido das tecnologias propagadas naquela fala que aturdia...marketing infeliz...frases indevidas...afirmativas ausentes de lucidez... irresponsáveis...um êxtase orgasmico solitário diante da plateia sonada. Mas não era só ela a agarrar-se ao próprio pé elevado,cruzado pernas querendo chegar a cabeça num áscena yoga...havia outra que revisitava mensagens antigas do celular e que, solidária, compadecida do tédio ou simplesmente a partilhar lembranças, ou com pena de dela assim restrita ao pé, ou por nada disso...mostrava-lhe a pequena tela iluminada, a distraia, tirava dali...Salvador...até o próximo sobressalto que vinha da fala daquela figura que inspiraria Dalí o Salvador...dela...da outra ela e nela, e do próprio pé, cansado de ser o foco principal do olhar que se detém os olhos abertos.. a ouvir um cantarolar do poema brega a lhe salvar...pra um outro link...em outro qualquer lugar.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
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