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domingo, 18 de setembro de 2011

Joalheria de Cracóvia

Guardou e alimentou o ímpeto de adquirir uma daquelas jóias presente pra pessoa amada. Procurava algo simples em seu design, precioso em sua imagem e significâncias. Uma peça de beleza singela  e exuberante na delicadeza assexuada e estética indecifrável... sem adjetivos comuns. Uma descrição que guiaria a procura ... Ia registrando a história das regiões por onde passava seu processo de transição de um regime autoritário para um capitalismo principiante, aprendendo a engatinhar. O endereçamento da jóia merecia toda essa peculiaridade estética singular. Torna-se imperioso dizer que a  Polônia, país que mais a comoveu impunha-lhe um silêncio desses que resultam da decomposição da luz solar através de um prisma, projetando flashes da literatura e artes plásticas. Visitara algumas joalherias e foi então em Cracóvia... lugar economicamente mais pobre de todos que visitara...saído de um comunismo segregado, lugar marcado pelo holocausto de Auschwitz, a população ensaia o trato com o turista viajante, arrastando uma possibilidade de comunicar em inglês... Ela fora duas vezes ao lugar...na primeira deixou a vendedora tranqüila dizendo que levaria ao menos uma peça com certeza... voltaria mais tarde, queria aprender  mais sobre as jóias, procedência e métodos de extração do metal...No dia seguinte visitou a mina de sal e depois Auschwitz, demorando-se mais que o esperado. Ao voltar, o comercio já estava fechado...Preocupara-se pois, seguiria bem cedo para o aeroporto, sem mais tempo para o presente reservado... Mesmo assim voltou a loja e com surprêsa viu a jovem vendedora frente a porta semi-cerrada ... Abriu um sorriso em polonês se movimentando o corpo pra comunicar seu inglês... Foi trazendo a peça... Com ela entre mãos percorria os dedos sobre as contas, canudos de metal torneados... Assegurou-se de sua origem...Sim é feito por joalheiros poloneses...veja o cartão garantia...Era o que ela precisava...ser do local, e viajar pra morar junto ao corpo porto seguro de pura inspiração...amor quiçá indelével! Passou o tempo... não se sabe quanto...vieram tempestades e furacões de toda ordem. Atingiram as páginas do romance destruindo o cenário e quase todo o elenco, apenas o roteiro ficara protegido feito bussola, mapa projeto secreto, pra que os sobreviventes encontrassem o caminho perdido. Ameaças de orfandade, abandono... tristeza...vendaval...aborto anunciado... fim dos tempos...Das faíscas da tormenta um fio de luz atou as asas dos anjos que entoaram a canção da paz, afugentando a desnorteada decisão pelo fim...E veio o sol que regou o dia e vestiu com alegria as realizações que compuseram o cenário da festa, do encontro, do merecido espetáculo da entrega da jóia ao seu destino...jornada longa e arriscada, ameaçada vida e morte. Renasce o amor festejado sabores damasco e arco-íris, poemas falados, pleno êxtase, saudade nutrida na espera nascida em Cracóvia...naquela joalheria...

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