Os dados estão lançados! Ouvi a voz estridente dizer olhando
em minha direção... Sim o jogo havia começado e eu não tinha nenhuma estratégia
em mente, ou aposta a fazer... Estava estagnada olhando tudo em volta, acima, abaixo
dos pés das pessoas... atrás das cortinas do tempo...passado, presente, futuro
incerto...tudo se confundindo em mim...Os dados estão lançados! Não tem volta e
a ida, não me foi dado compreender. Todos me olham esperando que eu me mova...
Ou me faça ouvir, uma palavra ao menos que confirmasse que eu estava ali... que
dentro de minha casca havia alguma coisa, alguém habitando. Olhava para os dados lançados sobre a mesa,
pilhas de apostas amontoadas, o jogo interrompido por minha causa, as
pessoas enfurecidas com a apatia demonstrada por mim diante da sorte que cada um esperava ter
para si... Olho para o alto e vejo a lâmina reluzente da guilhotina mirando minha
cabeça... Os dados estão lançados! Uma ultima chamada e então tenho que fazer
algo... Não posso fugir e nem ficar... não tenho apostas a sugerir, nem
estratégias a desenvolver, nada a fazer...Me levanto, afastando-me lenta e
decidida dirijo-me ao meio da sala, me volto o olhar para onde eu estava, de onde eu vinha, pra me ver de longe...e então, me compadeço de mim.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
A brasileira nascida na Ucrânia: Clarice Lispector
Clarice Lispector, uma
escritora disposta a desvendar as profundezas da alma, escolheu a literatura
como rota de busca de si mesma em sua essência humana. Clarice nasceu no ano de
1920 na pequena cidade de Tchetchelnik na Ucrânia. Chegou ao Brasil com dois
meses de idade e naturalizou-se brasileira posteriormente. Clarice teve sua
infância em Maceio e Recife. Aos doze anos veio para o Rio de Janeiro onde realizou sua formação em Direito, dedicou-se
a carreira de jornalista e iniciou a carreira literária. Foi casada com Maury
Gurgel Valente
que se tornou diplomata brasileiro o que a fez viver muitos anos no exterior.
Clarice teve dois filhos. Pouco antes de morrer, em 1977, ela decide se afastar
da inflexão intimista que caracteriza sua escrita para desafiar a realidade com
o seu dia a dia, trazendo personagens que em nada se parecem com ela. Essa
extroversão de Clarice se manifesta na surpreendente obra ‘A hora da
estrela’, que trás a nordestina Macabéa,
mulher miserável que mal possui a consciência de existir. Nesta obra Clarice
trata do desamparo a que estamos todos entregues. Durante sua vida de escritora
escreveu os romances: Perto do Coração Selvagem (1943); O Lustre (1946); A
Cidade Sitiada (1949); A Maçã no Escuro (1961); A Paixão segundo G.H. (1964);
Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres (1969); Água Viva (1973) e Um Sopro de
Vida - Pulsações (1978). Escreveu a novela A hora da estrela (1977) e os
Contos: Alguns contos (1952); Laços de família (1960); A legião estrangeira
(1964); Felicidade clandestina (1971); A imitação da rosa (1973); A via crucis
do corpo (1974); Onde estivestes de noite? (1974); A bela e a fera (1979). No
gênero correspondência escreveu: Cartas
perto do coração (2001) - Organização de Fernando Sabino;
Correspondência - Clarice Lispector (2002) - Organização de Teresa Cristina M. Ferreira. Clarice escreveu também as crônicas: Visão do esplendor - Impressões leves (1975); Para não esquecer (1978) - contos inicialmente publicados em Laços de família; A descoberta do mundo (1984). Entrevistas: De corpo inteiro (1975). Na literatura infantil escreveu: O mistério do coelho pensante (1967) - Escrito em inglês e traduzido por Clarice; A mulher que matou os peixes (1968); A vida íntima de Laura (1974); Quase de verdade (1978); Como nasceram as estrelas (1987). Por fim as antologias: Seleta de Clarice Lispector (1975); Clarice Lispector (1981); O primeiro beijo & outros contos, de Clarice Lispector (1991); Os melhores contos de Clarice Lispector (2001) - Organização de Walnice N. Galvão e Aprendendo a viver (2004).
Clarice Lispector morre
de câncer, no Rio de Janeiro no ano de1978 quando aparecem três livros póstumos: Um Sopro de Vida com o
subtítulo Pulsações, Para não Esquecer, uma coletânea de crônicas, e Quase de
Verdade, entrevistas. - 1979: A Bela e a Fera, que reúne contos da juventude
com os de pouco antes da morte da escritora. - 1984 : A Descoberta do Mundo,
reunião das crônicas publicadas no Jornal do Brasil, de 1967 a 1973.Correspondência - Clarice Lispector (2002) - Organização de Teresa Cristina M. Ferreira. Clarice escreveu também as crônicas: Visão do esplendor - Impressões leves (1975); Para não esquecer (1978) - contos inicialmente publicados em Laços de família; A descoberta do mundo (1984). Entrevistas: De corpo inteiro (1975). Na literatura infantil escreveu: O mistério do coelho pensante (1967) - Escrito em inglês e traduzido por Clarice; A mulher que matou os peixes (1968); A vida íntima de Laura (1974); Quase de verdade (1978); Como nasceram as estrelas (1987). Por fim as antologias: Seleta de Clarice Lispector (1975); Clarice Lispector (1981); O primeiro beijo & outros contos, de Clarice Lispector (1991); Os melhores contos de Clarice Lispector (2001) - Organização de Walnice N. Galvão e Aprendendo a viver (2004).
Clarice marcou presença na literatura brasileira com estilo e determinação.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
"entre parênteses"
Me vi assim, diante do "entre parênteses" no tempo, a espera do momento de tomar as rédeas da vida em minhas próprias mãos.
Abri parênteses e inciei um novo percurso, sem delimitar a priori, o caminho e nem o tempo que levaria pra fazê-lo sob os pés.
Desmontei montanhas de pensamentos, esvaziei centenas de gavetas, entulhos do tempo, fuligem do coração...chaminé dos sentimentos esfumaçados, contidos guardados...sótão vazio, terraço suspenso, braços estendidos, mãos a espera da outra a entrelaçar os dedos num laço e então... passo ante passo, pé ante pé, sonho ante sonho.
Vou assim me levando em aberto meu tempo, musica doce na flauta, perspectiva indefinida, ainda, de fechar parênteses e voar livremente na pauta. Sem linha a me amarrar as pontas acelerando meus passos rumo ao ponto final.
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