Foto Suê 20101 - Gordes -Fr. |
domingo, 31 de julho de 2011
Poucas, nenhuma palavras
Procura-se
Foto Suê obra Matisse Museu Nice França - 2011 |
sábado, 30 de julho de 2011
Carta
foto arte Suê 2011 |
Espero que esta lhe encontre com saúde e feliz.
Escrevo-lhe depois de tanto tempo utilizando o correio eletrônico, conversando no espaço on line e constatando o quanto nos faz falta essa delicadeza de um tempo em que precisávamos do mensageiro pra nos conectar a lugares e pessoas distantes. Trocamos a espera da carta no envelope selado e escrita cursiva, pelos teclados e correios eletrônicos . Dispensamos aquela caixa onde guardávamos cartas, postais, bilhetes de amor e segredos...
Não nos vemos a tempo, mas sei que partilha dessa preocupação com os excessos da tecnologia e as facilidades que dificultam cada vez mais, o encontro entre pessoas que apostam nas trocas que a relação de amor e de amizade promovem. Vi uma teleconferência sua sobre isso e me motivei a escrever essa carta.
Notícias suas só pelo facebook, atividades no twiter, blog e o endereço do seu fórum profissional no lattes...mas não nos vemos há muito tempo...A foto digital tem hoje seu papel de cúmplice a sabotar a saudade e o desejo das pessoas de se verem presentemente. Ela também nos engana ao mesmo tempo que nos distrai. Não sei nada sobre você pois, tudo o que sei é virtual e não sei desse tudo... o que é real. Da última vez estava com os cabelos claros e fazia luzes douradas...uma vaidade sua que achei peculiar...na época eu usava os cabelos rubros e ao natural... nunca fui muito de salão de beleza...só mesmo quando tinha uma banca examinadora que deixaria minhas mãos sobre a mesa aos olhos de todos ou quando paraninfa nas formaturas da Universidade...ai sim cabelo...maquiagem...pra prestigiar o álbum de fotografias das pessoas que não tinham nada a ver com meu demazelo. Hoje desfruto da liberdade de estar como sou e gosto...trabalho autônoma e grupos de pesquisa colaboradora...não escrevo mais livros técnicos assumi minha veia poética de vez...perdi meus pais...órfã sai a procura de mim mesma na literatura. Mas isso não vem ao caso agora.
O motivo de escrever-lhe é romper essa rede on line e principalmente combinar aquele chá que nos prometemos quando nos encontramos naquele Congresso de educação e lhe contei sobre as descobertas literárias que estavam redefinindo rumos de minha escrita...lembra? Na ocasião você se animou e até sugeriu uma criação conjunta...mas havia iniciado seu mestrado, tinha muitas dúvidas...já deve ter terminado...seria bom conhecer sua pesquisa mas, gostaria mesmo era de saber se está feliz com o que tem feito...Tenho muita coisa pra lhe dizer mas temo ser inoportuno. Conheci uma pessoa nos últimos anos num intercâmbio acadêmico na França e me apaixonei...vejo em você a pessoa com quem conversaria sobre isso...pois sei também que é de muitas paixões...lembro ter falado sobre isso...estava terminando um caso de anos...Espero também que esta carta te encontre em meio a uma paixão dessas fulminantes que tiram o sono...confundem o sonhar com o pensar, o desejar, nossas invenções e a própria realidade.
Aguardo sua resposta para saber se podemos nos corresponder...se podemos providenciar uma caixa para nossas cartas, postais e segredos...e qualquer dia tomar o chá que nos prometemos...mas principalmente saber se esse endereço ainda é o seu...ou se o seu endereço ainda é o mesmo...
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Azul turquesa
O trabalho intenso da noite anterior acabara com as tintas de maior uso na tela que ganhava sinais de finalização. Faltavam várias delas na paleta de cores. A tarde caia e a noite não podia chegar sem elas tintas e pincéis faltantes. Não teve dúvidas, retocou o batom...pegou a carteira, chaves, documentos, garrafa de água e rumou para o centro da cidade...casa dos artistas...abastecer seu estojo desfalcado. A tarde estava linda...ao chegar foi direto no setor das bisnagas de mil cores que a deixam embriagada de inspiração para pintar...ao chegar teve de esperar a pessoa que estava diante da prateleira impedindo-a de se aproximar e escolher...Ele olhou pra ela rapidamente depois para as tintas...de súbito olhou novamente e parou o olhar sobre ela inteira e sobre seu rosto e ficou assim...Ela então para fazer alguma coisa, o cumprimentou olhando para as tintas que ele tinha escolhido dizendo: são pra você? Ele não respondeu e continuou encarando. Era lindo... uns cinqüenta e qualquer coisa, alto, moreno, cabelos bem curtos, barba cerrada, calça jeans e uma camisa pólo, meio sujo, meio limpo, dava pra imaginar o cheiro...preferiu não imaginar...Ele recuou dando um espaço pra ela que foi direto nas cores que precisava...ele a olhava e tornava a pegar outras bisnagas, as mesmas que ela escolhia...De repente num gesto espontâneo ela diz...olha essa cor está com nome errado...ele diz: é azul turquesa...ela diz... não...não é...essa é azul cobalto, turquesa é mais claro...Ele macho demais diz: vou ver...e abriu a bisnaga (coisa que não se faz) com a força das mãos acabou espirrando tinta entre os dedos...ficou sem graça e disse pra ela...A culpa foi sua! E ela diz...minha? Eu só disse que o nome estava errado... se você quer o azul turquesa leve este que apesar de outro nome é a cor mais próxima do turquesa...Ele novamente com ar de macho mas sedutor...disse vou levar este mesmo! Ela não contém o riso e diz...tudo bem se for pra você, mas se foi alguém que pediu pra comprar...vai ser uma decepção...eu sei o que é isso! Então ele diz... vou levar este mesmo...e ela retruca...tudo bem está comprando um nome e não uma cor...Irritado ele diz: Estou comprando a cor! Azul turquesa! Ta aqui ó! Nossa... ela fala...Então ele sorriu deliciosamente e disse a ela...vou indo...prazer...fique bem, sei que vai pintar a noite inteira...está com cara...Ela ficou muda. Foi para o caixa e de longe ele ainda olhava pra ela meio sorrindo meio truculento... Como a tarde estava sem pressa e ela também, entrou no bar próximo pra tomar um suco de melão com hortelã e lá... no burburinho da sexta feira que promete uma noite linda por inteira... ela sente um olhar sobre seus ombros e volta-se...era ele! Com os dedos ainda sujos da tinta de nome azul turquesa, mas de cor azul cobalto...segurando copo de cerveja...olha pra ela, olha os dedos sujos de tinta e falou labialmente...culpa sua! E a noite de sexta feira foi longa...ocupou a tela inteira.
foto Suê 2011 |
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Sombra da árvore
Havia um jardim esperando num banco de praça alguém pra conversar sobre coisa alguma e olhar o sol que projetava árvores em forma humana como parte da paisagem. E à sombra da árvore de forma humana um caçador de imagens sentou-se pra descansar sua câmera e viu deitada na relva a sombra...lembrava tantas outras... Estava sozinha e exausta da ventania que acabara de enfrentar... precisava mesmo era de uma chuva de chá pra se restaurar, e o repouso sobre a relva em companhia das flores do lugar... Curioso o caçador de imagens percorre colado a lente o olhar e a vê por inteira...árvore frondosa solidária em sua sombra...companheira...Fica ali por indefinidas horas a conversar com ela indagando sobre sua história e planos...até o sol se esconder e ela com ele desaparecer...O caçador de imagens se vê então na mais completa solidão, levanta-se despede-se da relva ainda amassada pelo peso dela: a sombra espalhada, confere os ajustes da máquina fotográfica , olha em redor de si e fotografa levando pra ela a sombra que se foi na dele que ficou.
Modelo surreal
foto Suê 2011 |
domingo, 24 de julho de 2011
Novo poema
A distância não era mais o motivo. A presença no mesmo ar, do mesmo lugar e mesma cidade, apertava os nós dos sapatos, das gargantas, dos laços pra presentes, dando uma nova cor ao que chamam saudade.
A rotina prosseguia serena e tranqüila sem se dar conta da ausência, seus ruídos e dias, idos e findos. Dia após dia tudo se seguia benfazejo cada dia, cada qual com seus ensejos, seus juízos... Calmaria.E como se numa corrida em que ela, feito atleta que mira o percurso e nele a reta da chegada, a saudade se posiciona, se apruma, se levanta e do nada quase nada, começa a contar regressiva a hora da chegada que não chega nem no dia e nem depois do outro, dia...nem depois de rompida a faixa que avisava quem vencia.
Então se inicia, outra etapa do percurso da mesma prova e corrida. Ela então competidora saudade, se prepara pra nova projeção da largada e da reta de chegada. A distância perde a relevância, o tempo ganha novos sentidos, a hora e o lugar ocupam o destaque nos planos de execução para se alcançar a vitória...isso por que a distância não era mais o motivo...
Ela saudade então personalizada , desliza feito orvalho na folha recolhida pelo poeta, presente da musa escondida, guardado, escapa pela janela da alma em liberdade, salta fora do tempo, do lugar, da realidade. Liberta dos limites instala novos horizontes, dá um telefonema, toma um chá e vai ao cinema...Volta pra casa, toma outro chá, abre o aquivo e retoma teimosa e feliz um novo poema.
sábado, 23 de julho de 2011
Caça ao tesouro
O olhar da fotografia na foto olhava pra onde ninguém mais via, só ela ali dentro daquela paisagem, depois da viagem ela via, o que mais ninguém podia, na fotografia. A escolha do foco do fotografista caiu aos meus pés e a sombra da alma na pedra da rua posou devagar. Derreteu a saudade, aquietou o coração, lembrou outras passagens de sombras então. Desenhou o autor contornos da imagem, provocou a estética do espectador, com ela pictórica sombra meio disforme, meio sem cor, sem rostos, limites se fez de cinza na calçada de pedra calcada, pequeninos pontos dela saltados, dando-lhe texturas, brilhos, significados. Registrada pra sempre e depois foi morar na brincadeira de caça pirata desafio encontrado na pista do mapa. E a sombra que o sol permitiu se fazer, projetar, eternizar no olhar para mim - caçador de tesouros de imagens que me traz muito mais que ouro, sentidos de outros lados distantes destes tantos óbvios vazios. O tempo passou o que tem que passar e então ele agora vem a desfotografar o presente na mala, na lente na fala, no teste que aprova ou que tolhe. Aberto se torna prêmio do doce ausente, retorno sem festa pra comemorar, da sombra o nada, mas tudo o que vem pra ficar.
Corpo mão, jóia, anel: imaginuras
Saíram em pedaços desprendidos dos vestidos e dos membros das árvores a se trocar com o vento e a intempérie parecendo pra quem vê, que elas estão morrendo. Ilusão do entendimento. Estão a se espalhar pra viver outro momento. Encontrados fragmentos pelas mãos do escultor viram composição design e poesia, raridade e fantasia. Transformam-se complementos para aqueles que na incompletude do tempo ainda não se completou. Pelo olhar faminto das mãos e dedos vão pra longe cada qual num instrumento corpo, meios, papéis, ambientes, culturas, diferentes desiguais criaturas. Vão eles próprios, compor a própria identidade, ousado desejo, transgressão de estilo, exibicionismo, demonstração de vaidade a granel, peculiaridade dos sentidos, singularidade plural, gosto desenfreando pela arte e sua linguagens presa ao corpo jóia anel. E por elas, as mãos que chegam sempre antes, a levantar as cobertas, a despertar as orelhas, a sustentar o salto que retira da cama o corpo sonado, massageia os olhos a pele, os cabelos e a coragem, tudo toca, movimenta enfeita, se expõe se suja se molha, destrói, afaga, acolhe, atira, excita se lava, se toca, se junta na prece, esfrega e ativa a memória, se alonga se estende corpo afora...Nelas mãos os dedos qual galhos de árvore a se esgueirar em pinças, presilhas, alicates, operadores delas, auxiliar. Vão sustentar em um deles o anel a habitar outros mundos... viajar, atrair olhares, provocar sensações, confundir preconceitos, conversar outra língua, empunhar a taça, brindar a vida, assinar documento, autografar a arte, ferir as cordas do instrumento, erguer no ar a interpretação da atriz, apontar o firmamento, clicar o mouse, acariciar corpos, abrir a maçaneta, acenar adeus, cobrir o corpo pra aquecer e dormir... voltar pro quarto no dedo da mão de quem sonha ser mais do que gente, do que arte, do que árvore, do que um corpo somente... ser busca voraz, intermitente, do reconhecimento das ideias diferentes, nas diferentes posturas, estilos, paisagens...imaginuras.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Pipa
arte em tecido Suê foto Suê 2011 |
Quimera
Estávamos presentemente prova disso o corpo a corpo,copos nas mãos e o pensamento voando das veias nas vozes, do fonador em seu conjunto e composição boca, língua, dentes, movimento, sons, deglutição, plena função. A dialogar, pensar e inventar sobre essa louca diferença entre a comunicação virtual e a outra, que se dá presença do corpo na fala e linguagem coisa e tal estávamos nós. E sobre a escrita digital e a conversa convencional, manual, natural, pessoal, corporal. Um rumor da língua em movimento guiada com o olhar das mãos em transpiração, visibilidade da emoção, gestual, transparescência em respiração, tremor na voz riso no coração...E o falar com o teclado, a tela iluminada fluorescente que traz pra essa esfera o pensamento codificado palavras meio ausente mas presente, quase sempre sem correção no roteiro e navegação do espaço, no tempo da ilusão transitória transportada, mensagens envelopadas repletas de nada, sinais eletrônicos, código binário, imediato on line, sem selo, carimbo, suor, rabisco, borrão, Sai voando envelope lacrado num percurso pontilhado presente visão...Juntamos esses pedaços de pensamento da história da comunicação e vemos que na conversa virtual subjaz o namoro no portão com desvantagens, com soluções. Vender ou comprar uma idéia sem ver a face e o dentro dela, sem o olhar e ouvir da voz seus artifícios e ondulações a se mostrar doce, áspera, irônica, vulgar, formal, austera, lacônica. Estar com virtual e estar com presencial: eis as diferenças dessa fantástica quimera.
Prosa fractal
foto arte Suê/2011 |
Inventada
arte Suê 2010/2011 |
Agora pra ela a inventada só resta a espera, soleira da porta tela iluminada, a próxima escrita a ser publicada, que fará dela ainda inventada mais uma vez e de outra forma, identificada. Uma vez inventada pra continuar a existir vive a mercê da inventora, ela a inventada, que num esforço existencial se inventa com força e coragem pra seguir viagem enquanto a outra, a inventa nunca igual, permanentemente continuamente até que a inspiração a afugente pra outra invenção.
Diabo amassado
foto Suê 2011 - amanhecer prematuro |
terça-feira, 19 de julho de 2011
ALERTA! RETICÊNCIAS...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... As Ilustrações e reticências dos textos deste blog foram hoje ameaçadas com denúncias graves. Encontram-se neste momento na sala ao lado, interrogadas. Irão a julgamento com certeza. Correm risco de serem, as reticências, descartadas, ficando apenas o texto literário e suas artimanhas. Também ele o texto, se absolvido for, será sobre algumas condições tais como: substituir as reticências pelos demais recursos da gramática da língua portuguesa. Esse certamente é resultado de um movimento gerado pelos dois pontos, pela vírgula e pelo ponto e vírgula que não conseguiram até o momento, seus lugares no texto. É bem provável que também o hífen esteja envolvido. Suspeitamos ainda que haja um movimento das demais obras plásticas, fotográficas, que não se encaixam nos conteúdos ilustrados. Ainda sobre as ilustrações presentes nos textos, são acusadas de prejuízos graves. O argumento que defende essa posição prossegue na denúncia sobre o direcionamento da escritora, com tendência cerceadora, fato que se confirma pelas análises das imagens que escolhe de modo a facilitar ou distorcer o percurso imaginativo do leitor. Textos inteligentes dispensam ilustração! Palavras que ecoaram escavando a passagem sem saída dos ouvidos da autora.
Um texto ilustrado é uma comunicação outra, que não esta que é a sua, a minha, esta que fazemos e que somos, todas nós em mim mesma, em nós (aqui eu poria reticências...com certeza). Segundo a acusação, esta linha literária que temos é enigmática e como tal não deve ter pistas com ilustrações, no caso das que se encontram sob denúncia, acusadas de que nem sempre são fiéis ao conteúdo do texto, não servindo nem mesmo de pistas para o leitor. Ou seja, uma fraude enquanto ilustração em relação ou não relação alguma com o texto. Serão retiradas mesmo antes da conclusão do veredicto. A autora concordou com essa medida.
Sobre as reticências seu uso indica algo que não se completou, que será dito mais adiante talvez. Ou não, quem sabe como?Diante das defesas da escritora a resmungar baixinho: mas é isso mesmo, a fala não se completou, nem vai se completar, ela não quer, por isso as reticências, não há erro algum e sim uma verdade que versa sobre a incompletude. Será que terei direito a replica, defesa, coisa parecida? Será que posso continuar com minhas reticências... Sim por que elas fazem parte do meu percurso mental reticente, pensativo, inventivo não há como não usá-las como forma de expressar isso...por favor, posso chamar alguém me ajude a explicar isso!Conheço alguém que pode me ajudar, posso? E então de novo a acusação: As reticências não fazem isso que você quer ou julga que façam ou exprimam. Faça tudo isso com as demais pontuações: ponto e vírgula, por exemplo, dois pontos, a própria vírgula! Tem também o hífen que pode usar! Conhece o hífen? Que humilhação...
Sim o hífen, a própria vírgula! Conheço todos eles. Preciso de uma defesa cuja argüição revele seu entendimento pleno dos escritos que sou. Outra escritora ou musa talvez inspiradora de algum poeta, perdido nos corredores das editoras perguntando será aqui a reunião? Que construa os argumentos capazes de convencer a crítica gramatical, lingüística, etcetera e tal, sobre a importância das reticências na escrita desta eu, escrita que sou! Vem me salvar!
Um texto ilustrado é uma comunicação outra, que não esta que é a sua, a minha, esta que fazemos e que somos, todas nós em mim mesma, em nós (aqui eu poria reticências...com certeza). Segundo a acusação, esta linha literária que temos é enigmática e como tal não deve ter pistas com ilustrações, no caso das que se encontram sob denúncia, acusadas de que nem sempre são fiéis ao conteúdo do texto, não servindo nem mesmo de pistas para o leitor. Ou seja, uma fraude enquanto ilustração em relação ou não relação alguma com o texto. Serão retiradas mesmo antes da conclusão do veredicto. A autora concordou com essa medida.
Sobre as reticências seu uso indica algo que não se completou, que será dito mais adiante talvez. Ou não, quem sabe como?Diante das defesas da escritora a resmungar baixinho: mas é isso mesmo, a fala não se completou, nem vai se completar, ela não quer, por isso as reticências, não há erro algum e sim uma verdade que versa sobre a incompletude. Será que terei direito a replica, defesa, coisa parecida? Será que posso continuar com minhas reticências... Sim por que elas fazem parte do meu percurso mental reticente, pensativo, inventivo não há como não usá-las como forma de expressar isso...por favor, posso chamar alguém me ajude a explicar isso!Conheço alguém que pode me ajudar, posso? E então de novo a acusação: As reticências não fazem isso que você quer ou julga que façam ou exprimam. Faça tudo isso com as demais pontuações: ponto e vírgula, por exemplo, dois pontos, a própria vírgula! Tem também o hífen que pode usar! Conhece o hífen? Que humilhação...
Sim o hífen, a própria vírgula! Conheço todos eles. Preciso de uma defesa cuja argüição revele seu entendimento pleno dos escritos que sou. Outra escritora ou musa talvez inspiradora de algum poeta, perdido nos corredores das editoras perguntando será aqui a reunião? Que construa os argumentos capazes de convencer a crítica gramatical, lingüística, etcetera e tal, sobre a importância das reticências na escrita desta eu, escrita que sou! Vem me salvar!
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Sobras do começo
Foi muito rápido, o tempo suficiente para vê-lo despedir-se dela, até algum tempo, a mulher amada. Porta entreaberta, corpo meio dentro meio fora como a circunstância comemora: meio dentro, meio fora. Ausências que se chocam entre o ir e ficar, o ficar e o ir, vazios cheios de imagens, digitais por toda parte, lembranças que não se apagam, luz que não se vê, quando o escuro do quarto confunde as paredes e escondem marotas o acendedor do abajur.Desconcertado pelo mal jeito no gesto tantas vezes repetido ele revive a experiência de não achar a luz, designio, falta de jeito que faz rir.E então, na invenção de um novo antídoto pra solidão, resolve e povoa a ausência de liberdade, um vazio transformado em saudade.Telefonemas interrompem e marcam presença, no apelo da voz a distância...tão perto! Malas prontas despedidas planejadas, casa vazia, marcas marcadas em tudo que é dela.É como ela fica, é como o deixa assim tão repleto de seus toques femininos, adornos, retratos, mimos, ela inteira! Reveza a partida, agora é ele que está meio dentro meio fora na despedida. Ela fica com seu cheiro pela casa, seus chinelos última troca de roupa, último beijo no portão. Começa tudo de novo: ela vai ele fica, tateando paredes vazias, ele vai fica ela a espera desse amor sem preço, meio inteiro meio metade, meio fim. Meio sobras do começo.
domingo, 17 de julho de 2011
Bit...byte ou Sueño
Conversava mais uma vez entre tantas milhares, com ele seu assunto preferido: os cibernéticos próprios dos binários, bits e outros byte(s) espaço afora. Navegava eu na sua tecnofala, tecnográfica, tecnológica numa entusiasta conversa de quem quer colo sem pressa. Num apelo rogo a inteligência artificial, justo eu a reticente robotizo-me na comunicação. Entre um risoto de queijo, um linguado, um pesto e um profiterole porque criança não fica sem doce, mesmo quando já feito homem, me entrego ouvidos e todos os sentidos que o assunto requer. Ah como era fácil quando falávamos de super heróis! Eu sabia o nome de todos eles e seus poderes... Esqueço os byte(s) dou lugar a baita vontade de encher minhas mãos com sua barba negra que nos distancia em cada fio que espeta a tez da mulher amada, e que me alerta sobre a pessoa que concebi e agora o que mais quer é mostrar-me o conhecimento de sua arte e com ela ficar assim comigo. Num apelo que interpreto: sem adulações piegas, sem essa de cobrar filiação, saber da mulher que escolhi, das causas pessoais, das leituras que não li, das frutas e verduras que não gosto, do meu corpo desposturado; sem cobrar essa atenção. Para com isso, torce pro meu time, ouça minha voz e fica assim guardada, protegida sempre minha dentro de mim.
História de nada
O fazer todo desfeito e sem rumo prosseguia incansável sua busca, qualquer uma que o fizesse refazer o começo, arcabouço pelo avesso que vai do desfeito ao fazido tecendo o percurso, revendo o vivido, servindo outra vez o vinho bebido, propondo outro gosto trocando o mesmo vestido. E nesse percurso encontra o vazio insatisfeito cheio de nada prostrado, suspenso, se enchendo da idéia sobre se ia ou ficava . Olha em torno e busca o conforto duradouro. E ele sem pressa, por que duradouro, em seu lapso de memória se percebe volátil, finalizado sem o desfecho da hora. E no ancoradouro do tempo decide se ri ou se chora. Que bom seria a verdade poder compor também essa história. Eis que ela vem inquieta roendo as unhas vitima da constante crise sobre o ser ou não ser, ameaçada, fúria da incerteza voraz, vem teimosa sobressaltar a busca de um lugar de descanso e quem sabe se encontrar. Vê frente aos fundos o passado moribundo, choroso pela sala dos cantos a se indagar amontoado, desconsolo, resistente à chegada do presente. Em socorro desse quadro indefinido, dessa história pictórica vem o sonho do sono despertado e refaz o começo, preenche o vazio, ri do desfecho, chora e feliz comemora a verdade, consola a dúvida, desembrulha o presente e despede-se generosa a mente do passado que busca seu fazer desfeito, num outro lado deste mesmo. Arruma a casa, espera a visita que vem do nada e não se explica. Contra ponto contra gosto contra tudo contrariada, o fazer cheio de tudo dura o tempo quase nada pra verdade ser passado e a história inventada.
sábado, 16 de julho de 2011
Quarta feira.
Desejosa do status da quinta feira, quarta despediu-se da terça prometendo ser quinta antes de sexta feira. Aquela era uma tarde boa pra ser uma boa tarde de quarta feira a tarde. Boa pra se existir. O mundo rodava convincente e firme no eixo do tempo daquela tarde. A brisa se ausentara mais cedo, voltara pra casa descansar do vento que no dia anterior a fez balouçar rudemente até quase se espalhar inteira em desventania. As nuvens se juntaram num canto do céu sobrepondo novos traçados, transcritos revelando novo e inusitado papel. A tarde então apressada se mistura aos prenúncios da noite que com seus passos deslizantes lentos, chega vagarosa dando tempo pra tarde completar seu tempo. Sorrateira dançarina a noite entra em cena, sem estardalhaços nem pedir licença, vem silenciosa a abraçar os resquícios da tarde. Finalmente escurece o quarto, ilumina o palco, instala-se por inteira. Inaugura a quarta feira.
Desejosa do status da quinta feira, quarta despediu-se da terça prometendo ser quinta antes de sexta feira. Aquela era uma tarde boa pra ser uma boa tarde de quarta feira a tarde. Boa pra se existir. O mundo rodava convincente e firme no eixo do tempo daquela tarde. A brisa se ausentara mais cedo, voltara pra casa descansar do vento que no dia anterior a fez balouçar rudemente até quase se espalhar inteira em desventania. As nuvens se juntaram num canto do céu sobrepondo novos traçados, transcritos revelando novo e inusitado papel. A tarde então apressada se mistura aos prenúncios da noite que com seus passos deslizantes lentos, chega vagarosa dando tempo pra tarde completar seu tempo. Sorrateira dançarina a noite entra em cena, sem estardalhaços nem pedir licença, vem silenciosa a abraçar os resquícios da tarde. Finalmente escurece o quarto, ilumina o palco, instala-se por inteira. Inaugura a quarta feira.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Árvoresculturas
Na vernissage estive lá, levei meu olhar pra se alimentar, distrair, brincar; minhas mãos e dedos deliciar; meu corpo inteiro agradar. Pude ver todas elas:jóias esculturas poesia imaginuras, árvoresculturas cultura cultivada cult sentimentos. A expressão do empenho do artista na definição de caminhos pra chegar na complexa e em permanente metamorfose, alma de artista! Caminhar pela mata, melancolia e meditação na sacola a tira colo, do colo das mulheres por ele apaixonadas, olhos pregados nos pés que se lançam passo a passo fixos nas folhas e gravetos caídos das árvores benfazejas...Clarissa Pinkola Estés (Ciranda das Mulheres Sábias - Rocco/2007)...poetiza da Galeria de honra das mulheres do Colorado...pergunta em uma de suas poesias: Você já amou uma árvore...uma floresta? Faço dessa sábia expressão o fio da minha inspiração. A mesma que conduziu os passos do escultor em sua busca: o amor pela floresta, pela arte. O olhar deitado sobre o caminho, o achado fragmento dela, que nas mãos dele transforma estopim de identidades raras, repletas de novos significados, essência e vida que no corpo da mulher ou do homem que se cultiva nessa fronteira entre vaidade e singularidade estética, torna-se adereço a conviver com a pele o perfume enfeites da alma dos que se identificam na arte e querem ficar perto dela árvore, do escultor, do artista, nela...com ela.
Floresta - Pastel oleoso - tela Suê - Museu Emilio Goeldi - Belém Pará |
Na vernissage estive lá, levei meu olhar pra se alimentar, distrair, brincar; minhas mãos e dedos deliciar; meu corpo inteiro agradar. Pude ver todas elas:jóias esculturas poesia imaginuras, árvoresculturas cultura cultivada cult sentimentos. A expressão do empenho do artista na definição de caminhos pra chegar na complexa e em permanente metamorfose, alma de artista! Caminhar pela mata, melancolia e meditação na sacola a tira colo, do colo das mulheres por ele apaixonadas, olhos pregados nos pés que se lançam passo a passo fixos nas folhas e gravetos caídos das árvores benfazejas...Clarissa Pinkola Estés (Ciranda das Mulheres Sábias - Rocco/2007)...poetiza da Galeria de honra das mulheres do Colorado...pergunta em uma de suas poesias: Você já amou uma árvore...uma floresta? Faço dessa sábia expressão o fio da minha inspiração. A mesma que conduziu os passos do escultor em sua busca: o amor pela floresta, pela arte. O olhar deitado sobre o caminho, o achado fragmento dela, que nas mãos dele transforma estopim de identidades raras, repletas de novos significados, essência e vida que no corpo da mulher ou do homem que se cultiva nessa fronteira entre vaidade e singularidade estética, torna-se adereço a conviver com a pele o perfume enfeites da alma dos que se identificam na arte e querem ficar perto dela árvore, do escultor, do artista, nela...com ela.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Do começo ao...
Ficou lá desembrulho sem presente...juramento invalidado ...descostura ponto a ponto fio a fio...a sangrar tecido e pele...a soprar o ar do arrepio...entre o meio e a metade...meios desejos...meias vontades...metade certo...metade errado...Mia Couto falou em um de seus contos algo parecido...sobre as meias saudades que ela refaz como saudade inteira...sai pelos pés do pensamento na janela da noite e vagueia pelas palavras que solidárias se oferecem benfazejas na escrita...E percebe que o sonho...de tanto que se sonhou...acabou apenas...sonhado...sabe como?... Então...acorda leve e suspira...na varanda do sorriso que escapou...e vê sua fantasia...encolhida...ilusão despida...na palma do coração...
Suê Arte Suê -2011 |
Esconderijo
arte Suê - 2010/11 |
sábado, 9 de julho de 2011
Melão com hortelã
Manhã em cavalion - foto Toinie - 2010 |
Uma pista
mesa de trabalho - Foto Suê - 2011 |
Correio
Arte e Foto Suê - 2011 |
Sobre escrever....comunicar-se ....fazer sua escrita chegar ao leitor....motivos da mensagem...formas de acesso e continuidade da comunicação...Fico pensando certas culturas...tenho um amigo na região da Provence... na França... que mantém a cultura da correspondência via Correio...tenho também um em Havana, Cuba...e devo certamente ter também em outros cantos...Essa cultura do correio e das cartas em papel que viajam de um lado ao outro levando notícias...mensagens...Escrevi sobre isso num livro sobre tecnologias e comunicação...porém sem meu tempero preferido...as reticências que habitam a inspiração...Com a tecnologia hoje... os românticos excêntricos da correspondência via correio...mantém essa cultura...li outro dia...ou apenas ouvi...ou inventei...não sei... um ensaio literário jornalístico...(existe essa modalidade?...não sei...mas é isso...) um francês dizendo que tem um amigo tão fiel ao uso dos serviços do correio convencional , que...apesar de dispor das tecnologias modernas, inclusive do e-mail, continua a escrever cartas e enviar pelo correio...Exemplificou sua afirmação dizendo que ele recebeu do amigo uma resposta a um e-mail que lhe havia mandado...ficou esperando a resposta vir na caixa de correio eletrônico...mas não...veio no envelope lacrado...carimbado e viajado pelo tempo e espaços convencionais...Achei essa história delicada e nostálgica...Me lembrei...me pediram algo assim...meses atrás...quero receber uma carta sua pelo correio...ler no papel sua escrita nele...sentir seu toque presente ainda ...digitais certamente escondidas...seu dobrar o papel...sem contar sua presença mental na escrita...você pensando cada palavra...capacidade de informar...a beleza delas palavras escolhidas...sua beleza...você inteira...suspirei abri minha caixa de correio eletrônico e comecei a chorar...resolvi então atender meu pedido...escrevi pra mim mesma...depositei no correio...estou esperando a resposta...ou melhor...a mensagem...a resposta darei depois....
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Letra e música
Letra e música...existe um filme com esse nome....
existe um nome com esse filme...o meu....
Lá estava eu novamente a compor versos...na escrita...um poema...destinado...a composição musical.... No acordo que fizemos...letra e música... cabia a ela ...o tecido da canção...vestimentas...musicais...Com esse inverno intenso...naõ poderia faltar... ... agasalhos coloridos...nas notas mais vibrantes...tecidos macios....nas escolhas dissonantes...um chapéu ao meu estilo...nos arranjos violino...a echarpe colorida...nos acordes...pra acordar o boêmio violão...um perfume mais que raro...traduzido na harmonia da doce flauta que não falta aos ensaios do domingo...e por fim...como um poema mulher...um batom natural...perfumado.... macio... a selar lábios...para sempre sensuais....nas notas consoantes do másculo baixo acústico...e por fim ...o singelo cavaquinho...atrasado... e confuso...se oferece... adereços tonais...Quase pronta...Falo com ele ...o meu poema.... explico sobre o que vai acontecer...Olhe...você deixa agora de ser ...apenas o poema escrito com códigos que arrumei ...agora...vai se compor novamente ...com sons... ritmos...tonações.... Pode achar estranho no começo... quando se ver espremido... pra se ajustar nelas... frases...espaços musicais...Depois...vai gostar...terá sempre a voz por companhia...te cantando...E com ela...um instrumento te seguindo...carregando você com ele...nas cordas...teclado...baquetas...piruetas... compositor...maestral... Terá também...de vez em quando...pessoas te ouvindo...cantarolando você... palavras que busquei...ao te fazer...Deve estar a perguntar...e você...onde estará...vai me abandonar... nesse mundo musical...me tirar dos outros textos...arquivos... tão conhecidos... versos... .meus amigos...E então... lhe tranquilizo...Acalma-se...não te abandonarei...ao contrário... estarei ali contigo... na platéia...coração em partitura...emoção contralto o corpo inteiro...revivendo o pulsar...do meu ser...do sagrado ser... gestos seus...versos meus...nos vemos por ai...sabe como...pode ser...
existe um nome com esse filme...o meu....
Lá estava eu novamente a compor versos...na escrita...um poema...destinado...a composição musical.... No acordo que fizemos...letra e música... cabia a ela ...o tecido da canção...vestimentas...musicais...Com esse inverno intenso...naõ poderia faltar... ... agasalhos coloridos...nas notas mais vibrantes...tecidos macios....nas escolhas dissonantes...um chapéu ao meu estilo...nos arranjos violino...a echarpe colorida...nos acordes...pra acordar o boêmio violão...um perfume mais que raro...traduzido na harmonia da doce flauta que não falta aos ensaios do domingo...e por fim...como um poema mulher...um batom natural...perfumado.... macio... a selar lábios...para sempre sensuais....nas notas consoantes do másculo baixo acústico...e por fim ...o singelo cavaquinho...atrasado... e confuso...se oferece... adereços tonais...Quase pronta...Falo com ele ...o meu poema.... explico sobre o que vai acontecer...Olhe...você deixa agora de ser ...apenas o poema escrito com códigos que arrumei ...agora...vai se compor novamente ...com sons... ritmos...tonações.... Pode achar estranho no começo... quando se ver espremido... pra se ajustar nelas... frases...espaços musicais...Depois...vai gostar...terá sempre a voz por companhia...te cantando...E com ela...um instrumento te seguindo...carregando você com ele...nas cordas...teclado...baquetas...piruetas... compositor...maestral... Terá também...de vez em quando...pessoas te ouvindo...cantarolando você... palavras que busquei...ao te fazer...Deve estar a perguntar...e você...onde estará...vai me abandonar... nesse mundo musical...me tirar dos outros textos...arquivos... tão conhecidos... versos... .meus amigos...E então... lhe tranquilizo...Acalma-se...não te abandonarei...ao contrário... estarei ali contigo... na platéia...coração em partitura...emoção contralto o corpo inteiro...revivendo o pulsar...do meu ser...do sagrado ser... gestos seus...versos meus...nos vemos por ai...sabe como...pode ser...
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Palavrões
Foto Suê - Avignon - França - 2010 |
Tosco
Foto Suê - Jardins do Mosteiro Franciscamos - Nice - França 2010 |
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Paçoca
Também já me senti assim...uma paçoca esquecida...em algum lugar...Foto - Suê volta de Mont San Savino - |
Acontecimentos
foto imagem Suê- 2011 |
60'
foto Suê - 2011 |
domingo, 3 de julho de 2011
Descalça pra casa
No final de tudo ficou o silêncio exaurido pelo alarde conturbado e explosivo da música volume e cor...No lugar...a energia da festa na noite anterior...insiste encontrar razão pra perdurar um pouco mais...Agora entretanto...o vazio reclama ausência dos que ali estiveram desfilando sua alegria a festejar a festa...Fragmentos da noite buscam unidade e sentido...Resquícios da euforia...dos encontros trombam tropeços na mobília semi desmontada com a decoração em ruína...A festa havia ido embora com os que a tornaram...com suas ilusões em festa...Sentimentos contidos permanecem represados...titubeando em labirinto na busca de um lugar...no depois da festa...Explosão de fantasia imagética perpetua na fotografia... paralisada e estática a existir além da festa... Ela encontra-se então no lugar do depois da festa... Olha pra si mesma e vê um novo começo...de festa silenciosa...comemora o sucesso da outra e o mistério enigmático da próxima...uma festa cuja convidada especial é ela mesma...com os adereços dos pensamentos...das indagações...da certeza de uma busca que não tem fim...Exausta tira os sapatos de salto tão altos quando sua esperança...e volta descalça para casa.
Copos vazios de água
Passaram a noite toda esquecidos sobre a mesa de vidro...na varanda...sob a vigilância rigorosa de um bonsai...portador de doença crônica...que se manifesta para aterrorizar sua anfitriã...ameaçando morrer...de quando em quando...
Seres obsecados e vitimados pela ameaça do fim da água potável no planeta...fizeram deles...os copos...escravos portadores da bebida em extinção...E então...conhecedores dos riscos da obsessiva vigilância que sofriam... do neurótico bonsai...ficam ali esquecidos pelos dois fanáticos apaixonados e crédulos na salvação do universo pela água...ficam atentos a noite toda...esperando amanhecer uma nova idéia que os carregue dali pra uma fonte segura.
Amanhece... a faxineira fumante que tosse o pulmão sobressaltado a agarrar-se pra não escapulir pela boca...ajusta o avental...empunha qual espadachim a vassoura...olha em torno e grita: Alguém pode me dizer quem deixou esses copos aqui?
Os dois se entreolham, Suspiram fundo...aliviados...amanheceu em fim uma nova idéia.
Morada baleia
Ela ficou profundamente entediada depois da visita do golfinho naquela tarde de 5ª. feira...O que antes era morada perfeita...fresca...tranqüila...ideal pra se ter uma vida segura de baleia, ainda que como um adorno ou brinquedo de criança...posando bóia protetora... Sua morada perdeu toda graça...tornou-se um cubículo escuro e frio amordaçado pela nostalgia da saudade...Pobre baleia...a espera povoa agora seus dias...num constante perguntar...Por onde andará o brincalhão feito menino maluquinho...o aventureiro, teimoso e traquino golfinho?Tento acalmá-la com minhas escassas visitas...mas vejo que não tenho o feeling do bichinho inteligente...e sedutor...Demonstro a ela compreensão sobre sua sina e lhe desejo sorte...um dia quem sabe...quando estiver novamente querendo exibir suas travessuras ele volta pra encantar suas tardes escuras...quem sabe...
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