Adega Menerbe - França - foto Suê |
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Veneno
terça-feira, 28 de junho de 2011
Cavalo marinho
Cavalo marinho para guiar anjos e princesas - Suê - 2011 |
Atendi seu pedido...busquei no meu baú de ferramentas...em meio a estiletes afiados...brocas...pedras...parafusos...vidro...madeira...idéias que descansam a espera de um toque...Tomei dela grafite e papel...Abri o arquivo de preciosidades...nele uma página em branco...disposta a ser minha partiner...soprei a criação do desenho nas páginas d’alma... acionada pelo seu pedido...me faz um desenho...De volta o pequeno príncipe de Exupéry vem assombrar meu mundo...noutra época e lugar...me faz um desenho...não era desta vez um carneiro que necessitava de uma redoma para não comer a rosa...Desta vez... o principezinho que assalta o coração adulto com sua voz meiga e angelical...pedidos inusitados...originais...me faz um desenho...Um golfinho em meu socorro vem a inspirar-me remetendo-me ao cavalo marinho...num desenho que rabisquei de imediato...tão real quanto o carneiro de Exupéry...porém rodeado de mágicos arabescos... munido de asas para atender a missão de um anjo...um menino...princesa... – a de ensinar-lhe o caminho que deve tomar...Forjado na pele feito tatuagem...agulhas em micro-furos que alinhavam e sangram superficial definitivo...mapeando este fundo do mar...beirando a superficie do olhar no pedido - me faz um desenho...Salta docemente pelas ondas brilhantes prateadas...o cavalo marinho...disposto a cavalgar seu corpo inteiro...subindo dos pés aos cabelos...visitando cada lugar...escondido entre algas macias...esconderijos de poucas visitas....no balé de delicadezas aquáticas...desenha o caminho...de descobertas...encontros...realização.
Fuga do trivial
...seu deleite...a fuga...sua escada e janela...o ato de escrever...Sua fantasia...se encontrar nas cores das palavras...nas linhas que percorrem a inspiração conduzindo-a ao lugar...outro lado...não trivial...Seu objeto...a vontade...a inquietação desacomodada e tudo que a alimenta e mantém conectada ao inusitado...vanguardista...lugar incomum...o não pensando...o não falado...cantado...escrito...o não desenhado...experimentado...saboreado...o não encontrado até que seja ela a descobrir...sob o foco de sua imensurável lupa das mãos, do olhar, do corpo inteiro a buscar...e traçar...montar num esquema mágico...as palavras – preciosidade que não levam de nós quando arrombam descuidadosamente nossos cofres...aqueles que não as descobriram e acumularam nos seus...E então a paixão que sufoca os apaixonados pelo desejo de possuir seu...o outro...vem nela se hospedar...repousar na varanda do seu poema...nos telhados de suas idéias...balança na rede suspensa seguramente no motor de sua alma...e então ela...a paixão vira fluido vital...sentimento...alimento...e levita nutrindo a alma insatisfeita acostumada a vaguear entre o trivial e o vil...
segunda-feira, 27 de junho de 2011
A Conversa
Suê-foto Suê-2011 |
Naquele dia ela resolveu ter aquela conversa consigo mesma... um assunto sério que passava a ocupar grande espaço de sua preciosa tranqüilidade... sabia que conversas assim são sempre marcantes...pois deflagram momentos transitórios nas vidas dos interlocutores...talvez por isso adiava tanto...ou ainda...fingia ignorar que ela, a conversa, fosse necessária...ou ainda procurava minimizar o que a fazia assumir que era preciso ter a conversa...isso era o mais comum acontecer...e ai...na tentativa de ignorar... esperava que passasse...dizendo pra si mesma: vai passar...confiante na idéia de que o tempo acomoda por si só... empurrando aqui...afastando ali...subindo um pouco...descendo outro...uma sacudida no quadril uma espremida entre os extremos...e pronto...tudo se ajeita...de algum jeito...e sem precisar a conversa...que era sempre tão exigente e dura em se tratando do consigo mesma...Tinha no entanto uma certeza...a de que ao resolver conversar...o faria consigo no colo...se abraçando...se fazendo sentir segura...amada... suave nas palavras...nas perguntas...ah!... as perguntas...sabia o quanto elas são terríveis quando querem respostas...e em se tratando de consigo mesmo...chegavam a ser cruéis e ferinas...E então...decidida... toma um cálice de vinho agradecendo pelas uvas e seus inumeráveis néctares...seguido de uma deliciosa xícara de seu costumeiro chá...duas rodelas de maçã...uma castanha...e então... alimentada...toma um banho quente...se aninha no próprio colo e adormece silenciosa a mente de natureza ruidosa...Ao amanhecer...constata que a conversa tinha acontecido...e dela...seu teor...de nada se lembrava... nada! Ficou sim o sabor da uva, da erva...da semente...Teve de fazer outro projeto com o mesmo tema: a conversa que preciso ter comigo...e ficou novamente a esperar a hora de conversar...ensaiando...adiando...brincando com outras conversas mais lúdicas e amenas...ficou assim...até amanhã no final da tarde...até a semana que vem...ficou...Está.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Outra eu...mesma
foto Suê - outra eu - 2011 |
terça-feira, 21 de junho de 2011
Angelitude
Menininha do meu coração...Foto Suê - 2011 |
Ela acorda como sempre que dorme em minha casa...as seis horas da manhã...salta de seu berço...atravessa a porta e o corredor que leva ao meu quarto...pezinhos nus...gelados...não tem três anos...chega pertinho de minha cama e me convida...vamos esperar o dia acordar comigo...o sol ainda não levantou...que tal ficarmos sentadas como sempre...esperando...É Anita a menina que veio para nos tornar todos meninas...Salto da cama e a tiro do chão frio...saio com ela nos braços para não acordar as pessoas que ainda dormem ...e vamos então iniciar o trabalho de acordar a casa inteira...os quadros da parede...os móveis...os brinquedos que ficaram espalhados...por fim...o quintal...as árvores...a Branca de Neve e os sete anões que dormem no jardim...Nos sentamos na varanda e esperamos...Ela não para um minuto de falar...e então meu domingo começa cheio de música na sua voz...e de ternura na sua angelitude...
Nome para coisas sem nome
Foto Suê - 2011 |
recuperadas de textos antigos...poemas clássicos...cordéis..um acervo pronto para a poesia concreta...abre a valise e olha novamente analisando profundamente as coisas sem sentidos algum...a valise abastecida de um rico vocabulário, organizado em ordem alfabética...e as coisas destituídas de sentido...olha para as palavras no interior da valise...e então sua expressão se suaviza...uma doçura que vem do olhar se derrama...se estende... num leve sorriso como quem encontra a palavra que dará sentido ao caos das coisas sem nome e sentido...como um compositor que junta notas musicais em busca da harmonia...vai orquestrando a construção de significados...escolhendo cuidadosamente cada palavra...sua singular função de adjetivo...substantivo...arquitetando a caracterização plural das coisas...em pessoas...sentimentos...lugares...linguagens... vidas incompletas...densas...silenciosas...secretas...dando-lhe o nome...a identidade...o significado... a completude...em fim um nome dado por ela: a palavra.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Manacá
manacá da serra...florada 2011.- foto Suê. |
domingo, 19 de junho de 2011
Via Sacra
Via Sacra - tela de Suê Galli - foto Suê. |
Numa via nada sacra que a vida nos coloca...estava eu numa cidade pequena de nove mil habitantes... onde todos se conheciam...Estranha...a arte mais uma vez me integrava...A cidade... ladeada por morros numa geografia peculiar...trazia no percurso de um deles...marcos das estações da via crucis de Jesus...as estações do calvário que culmina no cruzeiro...alto do morro de onde se avista toda a região... trajeto que a igreja católica faz sua procissão da semana santa... esse lugar existe...Vivi ali uns quatro anos...de minha vida simples cercada de meus três pequeninos que me traziam Rousseau...o filósofo da educação e suas elucubrações com seu Emílio...com eles exercitava todo tipo de atividade lúdica e artística...me acompanhavam na pintura...viviam com as roupas marcadas com tintas de mãos apressadas a socorrê-los em meio ao trabalho...Nesse contexto nasceu via sacra minha primeira tela premiada nos salões que participei...parte de meu acervo...continuou vida afora...hoje vem morar neste espaço virtual...Preciso dizer ainda que esse estilo de pensamento e de vida atraía outros artistas e jovens curiosos da cidade...queriam partilhar arte...Na via sacra pintada o teatro e a música ganharam lugares de relevo...numa representação de rua...levou a cidade ao êxtase na sexta feira santa...espetáculo que criamos com simpatizantes de nossas idéias....depois o festival de mpb premiou a viasacrantada letra inspirada na obra plástica...musica da compositora e intérprete que ocupou com muita fibra o espaço da composição musical que nasce das minhas pinturas...poemas...mente inquietamente insana... nessa via sacra sem direção definida...via apenas...mão dupla...risco...sem total segurança...cheia de esperança...
sábado, 18 de junho de 2011
Onde acende a luz...
...uns trezendos degraus...Foto Suê 2010 |
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Milésima vez
foto Suê - 2010 (Portugal) |
Eclipse
foto Suê 2011 |
Maçãs verdes
Todos os dias dentro da mesma caixa de maçãs verdes nos encontramos para amadurecer idéias...numa rede sem fios e muitas tramas...diálogos se entrecortam de sentidos...mais falados do que sentidos...mais desejados que vividos... se formam retalhos... estilhaços de significados...pedaços de pensamentos...incertezas...fatias de soluções tênues e frágeis...que mantêm o verde ainda mais verde...das idéias a madurar...e da caixa de maçãs verdes saímos então num salto para uma tela de fundo verde a nos camuflar...e então deslizamos mesmo verdes...já sem tanta importância...ao nosso madurar...
Tela Suê - maçãs verdes...sem pretensão alguma de madurar |
quarta-feira, 15 de junho de 2011
Código binário
...andróides nós... viventes humanos...sociedade formatada por eventos...no ciberespaço...escancaradas nossas janelas...reordenados nossos espaços...tempo...lugar...companhia...o invisivel de novo...longe dos olhos...em lugar nenhum... fora do entedimento perceptivo...do tato...do fato...do ato... universo paralelo de zeros e uns...processados pelo conduite do computador...projetistas anônimos...design de interfaces... maneira como escolhemos imaginar... comunidades on line...relacionamentos voláteis...meios eletronicos... acessos remotos...virtualidade...virtualmente espontâneos... trânsito de informação...conhecimento duvidoso...caixas vazias...vitrines frias...interconexões...complexas interações e interdepência...comunicação...auto-aprendizagem...transgressão de fronteiras...tecelagem de ideias que ultrapassam o pensamento linear....múltiplas dimensões...hipertextualidade...ciberespaço...ciber eu..tu..nós...ciber eles...ciber ninguém...nenhuma face...nas interfaces... inteligências artificais...coletivos analfabetos funcionais...contraponto... interpretações partilhadas...diálogo com o nada...com um ...zero...um...zero... zero...código binário...chamando...
...o mau não é ter uma ilusão, o mau é iludir-se (Saramago)
tela Suê - ciberespaço- objeto de pesquisa pós-doutorado - UNICAMP 2006 - foto Suê. |
...o mau não é ter uma ilusão, o mau é iludir-se (Saramago)
terça-feira, 14 de junho de 2011
Epitáfio
foto Suê 2011 |
De um poema antigo... recupero minha paixão pelos epitáfios...os escritos nas tumbas dos mortos nos cemitérios antigos...que ainda hoje reservam a arquitetura do espaço privilegiado das lápides...suas capelas...leitos de pedra e bronze...jazigos que definem a classe social do morrido...morto...em contraste com os modernos necrópoles sem lápides...nem anjos de mármore com suas trombetas anunciando a despedida...ou a chegada... protegendo o sono eterno dos restos mortais...que não dormem mais...agora apenas uma placa fria de metal com a identificação local... perdida num gramado... tudo igual....a morada dos mortos foi enquadrada num modelo arquitetônico padrão...fim dos epitáfios e sua conjecturas...palavras que tornam o morto um santo...o covarde...herói...sonetos de amor...manifesto da saudade... lembranças dos que ficaram...Epitáfios...esses pequenos escritos que continuam cochichando palavras de despedida...sussurrando para embalar o sono eterno...como um eco do que restou...
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Arma dura - armadura
Escultura Suê - foto 2011 |
...de ferro a proteger... a armadura guarda nela o corpo...a mente...a alma do cavaleiro amedrontado...armado em sua armadura...aprisionado na própria pele...sob os grilhões do próprio punho...sob a sentença da própria lei...auto condenado pelo seus crimes...absolvido pelos seus bens...na armadura guarda... os caminhos que percorridos... não chegam a ninguém...e segue assim...prisioneiro...da própria vida em busca... da trilha da verdade oculta...na fresta de luz...no pouco de ar...se move enrustida estatueta...no lento e difícil caminho...a desaferrolhar...tirar o peso...da sombria rigidez que cobre-lhe...da carne a nudez...escapa-lhe dos olhos...na penumbra... resolve querer...naquela armadura não mais viver...e ao libertar-se da própria prisão...experimenta então...ser cavaleiro sem arma...razão...emoção...direção...e sem proteção...ao conhecer-se então novo enigma...revela-lhe certeza segura...da única saída.. ainda que impura...a de retornar pra sua armadura...
sábado, 11 de junho de 2011
Várias em uma...quantas em qual
Faces - Releitura de Foto Suê |
Aviso
As máquinas e as minhas lentes - Foto Suê 2011 |
sexta-feira, 10 de junho de 2011
O tempo...o espaço...o lugar
quando um lugar - foto Suê 2011 |
...na dúvida do quando...procura-se o onde...
...em posse dele...desenha-se o pra quê e nessa arquitetura aparece o com quem e...
nele a dúvida do quando...e do quanto de espaço necessita o onde será...
...com quem nunca sabe o quando virá...
Sobre o silêncio
Silêncio em chama silêncio- foto Suê - 2011 |
...a alegria, o amor, a cólera, a esperança impressionam mais pelo silêncio que os acompanham do que por discursos inúteis, que só servem para enfraquecê-los... o silêncio encontra-se repleto de chamas expressas em palavras...sons...vozes...música...quando a sua volta grita a paixão e o desejo... reina a meditação e a serenidade da alma...quando sua essência silenciada ecoa invadindo todo o ser...sacudindo ruidosamente as entranhas...alarmando a calma conformada...gritando silenciosamente o furor da vontade contida...da luta escondida...da palavra subtraída em seu ruidoso sentido...captando no silêncio o alarido do peito em fanfarra comemorando o encontro...de almas...de corpos...de idéias e utopias...do silêncio fruto do rumor silenciado da língua...que dança ruidosa no beijo...e pede silêncio...
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Passagem
Séculos de registros da passagem por aqui... afrescos...pedras esculpidas...mensagens escondidas...histórias de tragédias...amores...vingança... conquista...o homem não para...não para não...não para...
o tempo também não...o que fica então...dessa passagem inescrupulosa...desmedida...assinalada com sangue...a história...humanidade...seu ponto de chegada...sem rota definida...e o planeta...sem graça... arrependido de tê-la acolhido...reclama entredentes com as armas conhecidas...furacão... terremoto...inundação...
...o que deixará a humanidade para o último... depois de apagar a luz...
haverá por acaso...ou não... resquícios de encantamento...beleza...criação inspirada no amor...na vida...na natureza um dia em harmonia...resquícios dessa estranha e estúpida civilização que envenena o próprio ar...condena a sede...extermina o verde...
...mostrar-se-á a terra traída dissecada em sua própria hospedaria?...vingar-se-á da humanidade tal qual musa enfurecida pelos descasos...infortúnios pelo hóspede causados...espelhos quebrados...recuerdos abandonados...presentes devolvidos...e-mails deletados...arquivos queimados...luz desligada...vela apagada...porta cerrada...partida perdida...
o tempo também não...o que fica então...dessa passagem inescrupulosa...desmedida...assinalada com sangue...a história...humanidade...seu ponto de chegada...sem rota definida...e o planeta...sem graça... arrependido de tê-la acolhido...reclama entredentes com as armas conhecidas...furacão... terremoto...inundação...
...o que deixará a humanidade para o último... depois de apagar a luz...
haverá por acaso...ou não... resquícios de encantamento...beleza...criação inspirada no amor...na vida...na natureza um dia em harmonia...resquícios dessa estranha e estúpida civilização que envenena o próprio ar...condena a sede...extermina o verde...
...mostrar-se-á a terra traída dissecada em sua própria hospedaria?...vingar-se-á da humanidade tal qual musa enfurecida pelos descasos...infortúnios pelo hóspede causados...espelhos quebrados...recuerdos abandonados...presentes devolvidos...e-mails deletados...arquivos queimados...luz desligada...vela apagada...porta cerrada...partida perdida...
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Incompletude
No cenário de um sonho surreal a tarde ensaia o mergulho no lago sereno de águas quase paralisadas...entorpecidas...silenciosas...O rumor vem do peito e remete a uma só direção...invade caótico... a tarde teimosa em ser calma...As árvores com seus cabelos longos caídos sobre as águas...lambem aquele frescor ...no esforço empenhado de saciar-se ...No olhar de personagem um apelo...nas mãos uma fuga...no corpo inteiro um tremor desajustado...na respiração atropelos e desacertos...Em cada gesto... o risco do toque e do encontro se realiza...Um desfecho provável se aproxima, se anuncia...para matar a sede...fome...ilusão...desejo...imaginação...e então baixar as cortinas e ouvir os aplausos...escrever o posfácio...Porém, escondido entre as peças do cenário...estava ele...o vilão do sonho...o pesadelo...a espera de entrar na cena e fazer o seu breve e eficaz papel de esculhambar com aquele romântico e piegas script... em que o autor, no deslize da inspiração vulgar... se arremessou...se perdeu...Fora do cenário...da programação...do cartaz...da fantasia...fora do coração...o personagem continua sua determinada busca por um papel...o autor, por sua vez...continua a alimentar a faminta insaciável loucura de roteirizar ficção...de viver utopias...Ambos permanecem inquietos e desacomodados na sua incompletude...na inspiração...
Auto-foto - Suê - Firenze - Itália - 2010 - Definindo personagens na sua incompletude... |
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