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terça-feira, 21 de junho de 2011

Nome para coisas sem nome

Foto Suê - 2011
Busco incansável a escrita de um outro jeito daquilo que é sempre...do mesmo...falar da mesma coisa de um jeito avesso...Estavam lá as palavras...prontas para dar sentido a coisas que não tinham sentido algum...um nome para aquelas que não tinha como chamar...por isso...ficavam sozinhas amontoadas sem cor...forma... prostradas...a espera do inusitado...como se fosse óbvio...e então vem o poeta com sua maleta cheias de palavras...diversificadas...novinhas...inventadas...
recuperadas de textos antigos...poemas clássicos...cordéis..um acervo pronto para a poesia concreta...abre a valise e olha novamente analisando profundamente as coisas sem sentidos algum...a valise abastecida de um rico vocabulário, organizado em ordem alfabética...e as coisas destituídas de sentido...olha para as palavras no interior da valise...e então sua expressão se suaviza...uma doçura que vem do olhar se derrama...se estende... num leve sorriso como quem encontra a palavra que dará sentido ao caos das coisas sem nome e sentido...como um compositor que junta notas musicais em busca da harmonia...vai orquestrando a construção de significados...escolhendo cuidadosamente cada palavra...sua singular função de adjetivo...substantivo...arquitetando a caracterização plural das coisas...em pessoas...sentimentos...lugares...linguagens... vidas incompletas...densas...silenciosas...secretas...dando-lhe o nome...a identidade...o significado... a completude...em fim um nome dado por ela: a palavra.

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