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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vogais para Clarice

Clarice relembrava o episódio que anos atrás a tornara doadora de sangue. Estava no hospital com seu pai adoecido de um mal que o levaria dela pra sempre...mas até que isso acontecesse Clarice aprenderia tudo sobre a morte e a vida que sobra dela...se tornaria diciplinadamente doadora de sangue como  um gesto de tributo a vida. Na ocasião  tinha certeza absoluta que poderia salvá-lo  com seu sangue que segundo ela   vinha enriquecido de seu amor, sua inspiração e devoção de filha. A cirurgia aconteceu as pressas, e no meio da noite ela foi chamada no quarto onde o aguardava de volta da UTI. Ela devia comparecer imediatamente ao Centro Cirúrgico...uma complicação...precisavam repor o banco de sangue por ele utilizado e como responsável deveria assinar os documentos. Isso acontecera há quatro anos, Clarice devia repor quatro litros de sangue para repor o que seu pai levara com ele pra sabe-se lá fazer o que...Na ocasião vários amigos  se dispuseram a doar, mas ela mesma se encarregou disso...tornou-se doadora e o fazia a cada 90 dias! seu sangue é o de tipo "O" que pra ela deveria ser  "U" já que é universal. Clarice agora no seu leito de morte não precisa de sangue, precisa de muitas vogais pra redigir uma nova senteça em lugar daquela que designou seu tempo de vida. Lançou então sua última campanha: doe vogais para compor palavras a Clarice. Elas vinham de todos os lugares e se amontoavam na sua varanda, vogais de cores e texturas, de sons e formas inigualáveis. Clarice brincava com elas, formava palavras frases, jogava-as para o alto juntado-as no avental florido misturando-as com o perfume...Clarice acordou no loft onde vivia desde a volta de sua viagem a Cuba...seus amigos Muriah e Loren estavam lá, vieram pra ficar com ela seus últimos poemas de vida...Carinhosamente  a abraçavam deitando-a em seu travesseiro perfumado pronto para a acolher seus sonhos poemas de eterna esperança.

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