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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pronta?


Estava pronta!
Decorara o roteiro por dias, meses, anos a fio.
Sabia cada vírgula da frase, cada ponto do parágrafo, cada ação do personagem.
Sabia tudo: o que estava por vir e o que já viera. Seus efeitos, desdobramentos, retrocessos.
Nada mais me era imprevisível!

Estava pronta!
Sonhava agora com o inusitado
Desenhava ideias sobre o inesperado, a indignação, o espanto, a surpresa! O desconhecido.
Queria agora um encontro às escondidas do pensamento prévio, do planejamento metódico.

Um lugar novo, uma parada no ponto de taxi, do metrô, do café, da avenida... Ao lado do monumento dos incrédulos, abaixo das escadarias da fama, sobre os viadutos e elevados da noite escura, suspeita, ameaçadora.
Um encontro de suspense, quase doloroso, sinistro, sensual, enigmático.

Estava pronta!
Os últimos retoques no texto, na maquiagem, na bagagem de mão.
Em posse do mapa e linhas a percorrer demarcadas na parede, no peito, no coração.
Um endereço incompleto, um vazio inexplicável, uma torre a espreitar minha decisão.

Estava pronta!

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