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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sobre ter histórias

Perguntei há algumas páginas atras, sugerida por Clarice Lispector,  sobre o que eu faria se eu fosse eu...Fiz lá minhas considerações e agora o que me proponho é saber se assim, de cara, ao me ver, uma única vez, ela ou alguém gostaria de ser eu...e minhas histórias...Eu, essa que escreve, já sou mais ou menos conhecida de mim mesma, mas ela, conheci na semana passada...quando ficou curiosa pra saber minha história, que na ocasião, eu dera poucas pistas, informações vagas e superficiais. Afinal era uma reunião informal e as pessoas só queriam mesmo tomar o café preparado por aquele adolescente em final de férias, que reunia sobre a mesa, copos de requeijão para água, e xicaras de café desencontradas, um bolo de milho feito na padaria, e uns salgados desses que você leva quando te chamam pra uma festinha de última hora. Era divertido vê-lo em  seu ir e vir da cozinha com uma coisa de cada vez espalhando-as sobre a mesa, debaixo dos olhares de quatro mulheres a conversar assuntos misturados: ofício de professora, férias internacionais, variedades domésticas, empregadas, faxineiras, maridos e filhos...amigos dos filhos. Ninguém ali se conhecia muito bem, apenas duas amigas de infância que não conviviam há tempo, estavam se re-conhecendo. A dona da casa, ficou curiosa com minha presença (mais idade, sem vínculo empregatício, aposentada, autonôma de não se sabe ao certo o quê, cultura aparentemente eclética, talvez artista, escritora ou relis professora, fazendo um tipo descolado...difícil saber...só perguntando de pouco...). Percebi que continha-se pra controlar as perguntas todas que queria me fazer...Eu imaginava todas elas, as perguntas, ou pelo menos as que, se eu fosse ela, me faria...Fiquei pensando também se eu gostaria de fazer alguma pergunta a ela, mas falava tanto e sem parar que não me dava tempo de processar alguma curiosidade...ia falando tudo...sem pudor estético, tipo essa comunicação do dia a dia, sem esmêro algum...só faltava de vez em quando coçar o nariz, cutucar alguma parte do corpo pra ficar ainda mais trivial a conversa...talvez por isso não senti vontade de perguntar nada...Ela despejava tudo, numa variedade de assuntos e expressões...eu estava mais que satisfeita com aquilo quase um self service por quilo...meu único trabalho era me ajeitar de vez em quando na cadeira, ficar olhando pra ela atenta pra não escapar... Me senti fora de hora e lugar, arrisquei considerar que exagerara na intenção de me relacionar mais com as pessoas, sair  de casa, aceitar convites, cinema, chá, bate-papo presencial, ficar menos no computador, enfiada em vários livros ao mesmo tempo...agora é isso...ou falo de mim ou deixo ela imaginar...Passamos uma tarde agradável e inconsequente, trocamos nossos contatos da rede social e na mesma noite recebi sua mensagem...você deve ter muitas histórias! Fiquei desconstruindo essa observação,  imaginário otimizado e então inventei mais esse propósito....saber se assim, de cara, ao me ver uma única vez, eu gostaria de ser eu e minhas histórias...minha resposta veio rápidamente, sim gostaria e então inventaria coisas que encheriam de estímulo e de vontades de ter também histórias muitas e incríveis quem as ouvissem, inclusive, eu mesma.

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