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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dentro fora

Daquela vez não era de ler, nem de escrever, nem de falar...era apenas de sentir, silenciar para apreender cada circuito elétrico cerebral conectado ao coração, aos músculos, as entranhas...Não era de escrever...nem era pra falar...não tinha como sair pelo trivial caminho da garganta no rumor da língua pela voz...códigos secretos...não era esse o desenho...porta de saída. Era apenas de olhar para dentro e fora num ir e vir de fotografar em todos os ângulos... lugares possíveis...inatingíveis num dentro e fora que se deslocam no tempo das horas. Não era de escrever... não era de ler...interpretar com o olhar isso sim era de se esperar...sem letrar , grafar...nem ao menos tracejar como se faz ao telefone... caneta e papel rabiscando formas despretensiosas enquanto a fala escorre com a conversa...também não era...Era pra ficar ali sem pressa de chegar ou partir...imersão líquida...morna...sem forma...sem escrita, leitura, desenho...arquiteta sem  prancheta, pintora sem pincel, fotógrafa sem câmera, escritora sem papel...rainha sem seu poderoso anel...Era pra ficar ali, aqui...nela...com ela ...pensamento escorrendo...olhar derretendo...corpo suspenso. Acordou com esse pensamento justamente quando se viu enorme bolha dessas de sabão... translúcida se erguendo tocada pelo ar...mais leve que pipa ao vento...mais densa que  pensamento subindo...subindo...tocando arbustos quase explodindo...subindo... prendendo-se  no fio imaginário posando de sol depois da chuva...está lá até agora...vejo daqui da minha janela dentro fora.

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