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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sonhos em pedaços

Saimos toda tarde no terraço de onde falamos sobre coisas que servem pra manter o tempo ali parado...preso com as palavras ainda que sem muitos significados...Mais uma vez ela se põe a me contar seus sonhos...cheios de enredos e personagens do bem e do mal a lhe perseguir...detalhes e nuances ricos em sua descrição floreada de adjetivos e verbos conjugados pra trazer o sonho, por meio da interpretação bem próximo do real...Fico ouvindo-a por horas aquela trama criada, num roteiro tão bem dirigido,  que pro palco, não falta nada. Da iluminação,  ao cenário e o figurino,  componentes  rigorosamente postos para o sonho que ela conta entusiasmada afirmando ter sonhado exatamente como tal. Vou juntando todos eles, os sonhos dela contados sempre que nos encontramos pra esse fim:  ouvir os sonhos dela,  por ela mesma sonhados e interpretados...Sonhava de novo o sonho enquanto o editava temperando-o com a entonação de voz e movimento do corpo convocado por ela pra também falar. E assim dia após dia...e  a cada dia... ela vem pra contar seus sonhos que eu recolho os pedaços pra tentar saber se descubro: com eles,  o que é que eu faço, se escrevo um conto, uma prosa, ou um poema meu...também sonhado? Se apenas escuto a mais esse sonho sonhado sem olhar pro relógio...no tempo parado. Ela conta os sonhos e eu brinco com palavras, nossos quartos são vizinhos e toda manhã tomamos sol no mesmo terraço. Com os sonhos que ela me conta eu faço um rio de frases  que escorrem ondulando as águas...buscando repouso nas margens...imaginação fertilizada perigosa, exigente de vigilância pra não estragar a fonte de sonhos, invenções adivinhadas...ela sonha e conta o sonho, e eu ouço no sonho dela o meu sonho de escrever, na minha tela sobre o sonho que é dela, na poesia que eu faço, com esses sonhos em pedaços.

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