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domingo, 2 de outubro de 2011

Re-dar a luz

O telefone tocou desmontando tudo com a notícia que rompeu tímpanos se alojando no cérebro, a dissecar pensamentos, sangrar idéias com palavras enlouquecidas que pediam extravase na escrita...Os olhos queriam conferir o estado das coisas, as mãos tatear escombros, juntar partes da dor, modelar a obra criada, vesti-la de plumagens estéreas do sentimento genitor, diante dos ditames da surpresa, que afugenta a alegria, espalha o terror da morte e a abandona... ruminando a capacidade de superar impactos, inventar ainda que a última salvação...um Deus poderoso, super herói que retorna 360 graus para o antes de tudo acontecer. Ela mãe corria ao encontro do seu príncipe menino, feito homem feito menino, ameaçado... ferido. Seguia cega, muda guiada viagem longa, escrita entrecortada, pista dupla dor e medo, espera infinita, certeza do restauro alimentado pelo poder materno. Eterna espera em fim o vê...branco pálido lábios vermelhos ressequidos ensaiando sorriso torcedor as vésperas do jogo. Debruça-se sobre o corpo tão dela conhecido perfume ainda presente... o mesmo do nascedouro...nunca esquecido... deita-se inteira  flutuando sobre ele, e numa transfusão de vida, o recolhe de volta ao útero, o refaz em segundos e lhe dá novamente a luz.

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